Diplomata indiana é acusada formalmente nos EUA
Devyani Khobragade foi presa no mês passado, dando início a uma crise diplomática entre Nova Délhi e Washington
Um júri federal em Nova York acusou formalmente a diplomata indiana Devyani Khobragade, de 39 anos, por fraude para obtenção de visto e por falso testemunho. A vice-cônsul da Índia em Nova York foi detida em meados de dezembro sob a acusação de falsificar documentos para obter um visto para uma funcionária.
O anúncio sobre o indiciamento, nesta quinta-feira, foi seguido de informações desencontradas sobre o destino da diplomata. Ainda não está claro se ela terá imunidade diplomática concedida para deixar o país – e, desta forma, ficar livre do julgamento. Os advogados de Devyani afirmam que ela é inocente e tem direito à imunidade diplomática. No entanto, seu posto de vice-cônsul para assuntos políticos, econômicos, comerciais e assuntos ligados às mulheres, dá direito à imunidade consular, mais restrita, e que só cobre ações relacionadas às funções oficiais, explicou a rede CNN, citando fontes do governo americano.
Promotores afirmam que a diplomata declarou no pedido de visto para a empregada doméstica Sangeeta Richard que pagaria a ela pelo menos 9,75 dólares por hora, o mínimo exigido em Nova York, e que sua carga horária semanal não ultrapassaria quarenta horas. Na prática, no entanto, ela pagava menos de 3,31 dólares a hora e fazia a funcionária trabalhar muito mais do que quarenta horas por semana.
Crise – Devyani foi liberada depois de pagar fiança de 250.000 dólares, mas sua prisão deu origem a protestos na Índia depois que a diplomata alegou ter sido algemada e submetida a revista íntima. As autoridades americanas disseram que o procedimento é normal. Mas o governo indiano exigiu um pedido de desculpas de Washington e cortou privilégios oferecidos a diplomatas americanos no país. Entre outras medidas, as autoridades indianas removeram as barreiras de concreto colocadas diante da embaixada americana.
Uma visita do secretário de Energia americano à Índia, que deveria ocorrer na próxima semana, foi adiada. Ainda em dezembro, o secretário de Estado americano, John Kerry, expressou “pesar” pela situação, mas não disse que as autoridades nova-iorquinas lançaram mão de algum procedimento inadequado. A imprensa indiana descreve a crise entre os dois países como a pior desde o teste nuclear realizado em 1998. É bom observar que o desgaste diplomático entre Nova Délhi e Washington ocorre em um contexto de disputa eleitoral na Índia, que terá eleições gerais em maio.
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