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Confusão na Costa do Marfim: dois candidatos se dizem presidentes

Oposicionista que teve vitória nas eleições anulada enviou carta ao Conselho Constitucional do país fazendo juramento "na qualidade de presidente"

Por Da Redação
4 dez 2010, 18h28

Em cerimônia televisonada neste sábado, o atual mandatário da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, foi formalmente investido no cargo de presidente da República, apesar da rejeição internacional à sua controvertida vitória eleitoral. E não foi o único a se assumir presidente do país. Por meio de carta enviada ao Conselho Constitucional da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, adversário de Gbagbo nas presidenciais de 28 de novembro, também prestou juramento “na qualidade de presidente da República”. O manuscrito, do qual a AFP obteve uma cópia neste sábado, foi endereçado ao presidente do Conselho, Paul Yao N’dré, que invalidou os resultados anunciados pela Comissão Eleitoral Independente, pelos quais Ouattara saía vencedor.

“Diante do povo soberano da Costa do Marfim, juro solenemente e por honra respeitar e defender fielmente a Constituição, proteger os direitos e liberdades dos cidadãos e cumprir com os deveres de meu cargo no máximo interesse da Nação”, declarou Gbagbo em seu discurso no palácio presidencial em Abidjan. Após a cerimônia, eel denunciou as “interferências estrangeiras” – uma referência a ONU, Estados Unidos, União Europeia e França, que contestam a sua reeleição. “Nestes últimos dias, notei casos graves de ingerência. Para que nossa soberania não seja pisoteada, não deixaremos os outros se intrometerem em nossos assuntos.”

A Costa do Marfim mergulhou numa crise depois que o Conselho Constitucional proclamou a vitória de Gbagbo nas eleições de 28 de novembro, que, segundo a comissão eleitoral e a ONU, foi vencida por Alassane Ouattara. Durante a madrugada deste sábado, duas pessoas morreram aparentemente por disparos das forças de segurança num bairro popular da capital Abidjan, onde partidários de Gagbo e de seu adversário Alassane Ouattara se enfrentam em função da crise desatada por divergências eleitorais.

No poder desde 2000, Laurent Gbagbo foi reeleito presidente com 51,45% dos votos, contra 48,55% de seu rival, segundo resultados definitivos do segundo turno anunciados pelo presidente do Conselho, Paul Yao N’Dré, para a imprensa. O Conselho Constitucional, liderado por um amigo do chefe de Estado, invalidou os resultados provisórios divulgados na quinta-feira pela Comissão Eleitoral Independente (CEI), que dava ao ex-primeiro-ministro Alassane Ouattara uma ampla vitória, por 54,1% contra 45,9%. Isso foi feito “anulando” os votos em sete departamentos do norte, sob o controle do ex-movimento rebelde Forças Novas (FN) desde o golpe fracassado de 2002, e onde, segundo o grupo de Gbagbo, as eleições foram “fraudulentas”.

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O representante das Nações Unidas na Costa do Marfim, Youn-jin Choi, ameaçado de expulsão do país, se opôs à vitória anunciada de Laurent Gbagbo. Antes do anúncio dos resultados definitivos, a chapa de Ouattara alertou para um “golpe” de Gbagbo, rejeitando de antemão os anúncios do Conselho. A ONU e as principais missões de observação internacionais consideraram que as eleições foram conduzidas de forma adequada, apesar dos incidentes às vezes violentos.

Eleito em 2000, num pleito controverso do qual foram excluídos o ex-presidente Henri Konan Bédié e Alassane Ouattara, Laurent Gbagbo permaneceu no poder em 2005 após o fim do seu mandato, ao invocar a crise decorrente da divisão do país. As eleições chegaram a ser adiadas em diversas ocasiões. Com isto, a Costa do Marfim passou a contar com dois presidentes: Gbagbo, com o apoio do Exército e o controle da televisão, e Outtara, com o suporte da comunidade internacional.

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