Ataque das Farc mata cinco militares na Colômbia
A emboscada acontece dias depois da abertura da negociação de paz entre guerrilheiros e autoridades colombianas
Um ataque atribuído às Forças Armadas Revolucionárias das Colômbia (Farc) matou cinco soldados da patrulha florestal e deixou três feridos no sul do país, segundo informações do exército colombiano. Esse foi o primeiro confronto grave após a instalação de negociações de paz, nesta semana. O ataque ocorreu na noite de sexta-feira em uma estrada próxima do município de Puerto Vega, em Putumayo. Segundo o comandante da sexta divisão do exército, general Germán Giraldo, os rebeldes ativaram explosivos durante a passagem de um comboio militar.
A região onde ocorreu o ataque é uma zona de floresta que faz fronteira com o Equador e tem forte presença das Farc. “No decorrer das operações na área, as Farc, infelizmente, utilizaram explosivos e materiais proibidos pelo Direito Internacional Humanitário (DIH) e detonaram uma bomba na passagem de veículos”, relatou o responsável militar da região, coronel Juvenal Díaz Mateus, que atribuiu o ataque a guerrilheiros da frente 48 das Farc, sob o comando do líder conhecido como Robledo.
“Nossos corações estão com as famílias dos soldados que perderam a vida em um ataque vil com explosivos”, disse o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, em sua conta no Twitter.
O governo e as Farc instalaram na quinta-feira, na Noruega, uma negociação de paz para por fim ao conflito armado que deixa, há quase cinco décadas, centenas de mortos por ano. As autoridades colombianas e as Farc tinham prometido trabalhar juntas para tentar pôr fim ao último grande conflito armado da América Latina. As duas partes iniciaram oficialmente na última quarta-feira as primeiras negociações em 10 anos em Oslo, na Noruega. Apesar da expectativa em torno das conversações, o ataque desta sexta mostra que o caminho para paz é longo.
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Histórico – As tentativas anteriores de negociação foram colocadas em prática entre 1984 e 1987, com o ex-presidente Belisario Betancur; entre 1991 e 1992, com o ex-presidente César Gaviria; e entre 1999 e 2002, com Andrés Pastrana. As Farc, que chegaram a ter até 20.000 guerrilheiros nos anos 1990, sofreram na última década uma intensa ofensiva das forças militares colombianas, com a ajuda dos Estados Unidos.
Três de seus mais importantes chefes morreram em bombardeios da força aérea: Raúl Reyes, em 2008; Jorge Briceño (Mono Jojoy), em 2010; e Alfonso Cano, em 2011. Atualmente o grupo conta com cerca de 9.200 integrantes confinados às zonas rurais mais afastadas do país. Em novembro de 2011, com a morte de Cano, o comando supremo das Farc foi assumido por Timoleón Jiménez (Timochenko), de 53 anos, 33 deles nas fileiras guerrilheiras.
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Avanços – A Colômbia, a terceira maior economia da América do Sul e uma das que mais cresce na região (5,9% em 2011), quer acelerar este ritmo de crescimento em um cenário de paz. E também reduzir suas Forças Armadas, que contam com 432.000 policiais e militares, e consomem 3,5% de seu Produto Interno Bruto.
O país já teve processos de paz bem-sucedidos com as guerrilhas esquerdistas Movimento 19 de Abril (M-19) e Exército Popular de Libertação (EPL), em 1990; e com a guerrilha indígena Quintín Lame, em 1991. Além das Farc, ainda permanece ativa na Colômbia a guerrilha Exército de Libertação Nacional (ELN), com cerca de 2.500 combatentes.
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(Com Reuters, EFE e AFP)