Ai Weiwei vai devolver as doações recebidas de apoiadores
Artista não pretende pagar o restante da multa milionária exigida pelo governo. Cobrança faria parte de uma campanha de intimidação para travar suas críticas
O artista e dissidente chinês Ai Weiwei afirmou nesta quarta-feira que começou a devolver as doações em dinheiro feitas pelos seus apoiadores para ajudar a pagar a multa de 15 milhões de iuanes (4,8 milhões de reais) por evasão fiscal. Ele já pagou mais da metade do valor para poder contestar judicialmente a cobrança, mas em setembro deste ano todos os recursos legais para derrubar o argumento do governo foram esgotados.
As autoridades acusaram a produtora artística para a qual o dissidente trabalha, chamada Beijing Fake Cultural Development Ltd, de sonegar impostos. Ai Weiwei afirma que não tem como pagar os 6,6 milhões de iuanes restantes, e chegou a recolher mais de 9 milhões de iuanes em doações de cerca de 30.000 simpatizantes – por meio de transferências bancárias ou envelopes lançados ao pátio da casa do artista.
Mesmo podendo ser preso, Ai Weiwei diz que não pretende pagar o restante da multa, já que isso seria admitir tacitamente a legalidade do processo. A exigência é amplamente vista por ativistas como uma tentativa de amordaçar o artista, que repetidamente critica o governo chinês por negar direitos legais a seus cidadãos. Ai Weiwei nega as acusações e considera a cobrança “injusta” – apenas mais uma forma de “reduzi-lo ao silêncio”.
A derrota no recurso já era previsível em um país onde os tribunais, controlados pelo Partido Comunista, seguem orientações do governo. Ela mostra também a crescente intolerância de Pequim com dissidências, num ano em que está prevista uma complexa transição de poder dentro do partido. O artista alega que esse caso faz parte de uma campanha de intimidação para travar as suas críticas contra o governo chinês.
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