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UFC Rio: uma festa brasileira (e uma torcida enlouquecida)

Gritos ofensivos contra os adversários, distrações nas lutas principais e objetos atirados contra o octógono não estragam a festa pelas vitórias dos brasileiros

Por Davi Correia, do Rio de Janeiro
28 ago 2011, 12h21

Anderson Silva parece ter notado logo na entrada o tamanho de sua responsabilidade – apreensivo, deixava transparecer que sentia a obrigação de retribuir a força da torcida. ‘Senhores, nunca serão. Jamais serão’, disse, após vencer

A expectativa pela volta do UFC ao Brasil, desta vez com status de megaevento, era imensa. Não só por parte dos fãs, ansiosos pela revanche de Anderson Silva contra Yushin Okami, mas também pelos organizadores brasileiros, curiosos para saber se o público está preparado para grandes eventos de porte internacional de MMA. O UFC Rio aconteceu sem grandes problemas, mas serviu para mostrar que o torcedor brasileiro ainda precisa ser doutrinado em alguns aspectos – nada que estragasse a festas dos vencedores.

Quando os portões abriram, alguns minutos depois das 17 horas, vários torcedores já estavam esperando para entrar na Arena HSBC. Os que estavam mais próximos dos portões chegaram ao local às 13 horas. Os que estavam mais longe reclamavam de tentativas de furar a fila. O trânsito também não ajudou: torcedores de outros estados reclamaram por ter passado mais de duas horas para chegar ao local. Quando as luzes se apagaram e o locutor anunciou o começo das lutas preliminares, a arena ainda apresentava vários lugares vazios. No decorrer da noite, celebridades de primeiro escalão – Ronaldo, Luciano Huck, Eike Batista – desfilariam pelo local (sem passar por qualquer fila, evidentemente).

Os torcedores vibraram com as primeiras vitórias brasileiras, mas os gritos mais histéricos foram por conta da aparição de Júnior Cigano e Royce Gracie no telão – os dois lutadores tiveram seus nomes gritados pelas arquibancadas. Outro momento de agitação na torcida foi a entrada do lutador Paulo Thiago, do Bope de Brasília. Ele entrou com a música-tema do filme Tropa de Elite, mas logo o público começou a cantar mais alto que as inúmeras e potentes caixas de som. Sempre os lutadores brasileiros começavam a discursar em inglês, idioma falando pelo apresentador do evento, a torcida abafava com uma enorme vaia. Era só o atleta mudar para o português que as palmas voltavam.

Em uma das lutas mais esperadas da noite, Rodrigo Minotauro entrou com a bandeira do Brasil com o distintivo do Internacional, clube que o patrocina, bordado no centro. No caminho até o confronto, um torcedor puxou o boné da cabeça do lutador. O nocaute do brasileiro deixou a torcida enlouquecida – tanto que um objeto foi arremessado na direção do octógono, atingindo alguns árbitros. Mario Yamasaki, juiz brasileiro que estava se desdobrando para garantir que nada saísse errado, acalmou os ânimos e a comemoração continuou. Na saída, outros torcedores tentaram, de novo, puxar o boné do lutador, mas Minotauro segurou firme a peça que exibia a marca do patrocinador.

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Segurança do Bope – Como todos os lutadores saíam pelo mesmo local, os fãs foram se aglomerando ali para tentar conseguir algum “presente”. A proteção nessa parte da plateia reforçada, mas alguns seguranças tiveram que pular para a arquibancada para reaver os pertences dos atletas. Maurício Shogun teve uma entrada mais tranquila. Depois que nocauteou Forrest Griffin, porém, outro objeto foi atirado em direção ao octógono. Mais uma vez os organizadores fizeram vista grossa e deixaram a comemoração brasileira correr solta.

As luzes se apagaram e um vídeo mostrou que Anderson Silva e Yushin Okami apareceriam em alguns minutos. O japonês entrou primeiro, acompanhado de uma enorme vaia, enquanto Kalil e Gabriel, filhos de Anderson, entravam pelo outro lado da arena. A segurança foi reforçada novamente, desta vez com alguns policiais do Bope, que recebeu um evento de MMA na quinta-feira. A luz baixou novamente, e vários celulares e flashes passaram a iluminar o interior da arena. Com o uniforme do Corinthians, Anderson Silva precisou desviar das mãos de vários fãs para conseguir chegar até o octógono.

‘Jamais serão’ – Anderson Silva parece ter notado logo na entrada o tamanho de sua responsabilidade – apreensivo, deixava transparecer que sentia a obrigação de retribuir a força da torcida. O brasileiro começou melhor, conseguiu derrubar o adversário, mas resolveu que não queria terminar a luta naquele momento. Como faz sempre que percebe que está em vantagem, baixou a guarda e ficou fazendo jogo de corpo para desviar dos socos do japonês. Okami não aguentou os golpes de Anderson Silva, e, no segundo round, caiu mais uma vez. Desta vez o brasileiro achou melhor finalizar o combate e acertou vários socos na cabeça do adversário, que demorou a conseguir levantar.

Vários jornalistas americanos, já prevendo o que aconteceria, se esconderam atrás das cadeiras – vários objetos foram atirados em direção ao octógono, mas a festa insandecida da torcida deixou o episódio em segundo plano. Patrocinado pelo Corinthians, Anderson ainda escutou um coro nada amigável sobre seu clube de coração – afinal, lutava no Rio, com uma maioria de torcedores do Flamengo. Invicto há quinze lutas – incluindo nove defesas de títulos -, o brasileiro se despediu com uma frase do filme Tropa de Elite. “Pessoal, agora é sério. Tenho uma coisa a dizer pra vocês. Como diria o Capitão Nascimento: ‘Senhores, nunca serão. Jamais serão’.”

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