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Para Zico, salvação está nas divisões de base

O craque que dirige o futebol do Flamengo diz que a cultura do “não treina, mas resolve no campo” precisa ser coisa do passado

Por João Marcello Erthal
1 ago 2010, 14h44

“Quando o jogador chega ao profissional é difícil mudar alguma coisa. Mas todos os que hoje são celebridades passaram pela base, onde ainda é possível dar a orientação adequada”

Zico comanda, atualmente, uma cruzada pela disciplina e pela formação dos jogadores além das quatro linhas – algo que, acredita, pode ajudar clubes com prestígio internacional a evitar problemas como os que o Flamengo enfrenta com o goleiro Bruno. Afastado do time e com contrato suspenso, Bruno é a figura central do assassinato de Eliza Samudio, sua ex-amante.

O desaparecimento de Eliza Samudio não foi a primeira loucura do goleiro. Bruno já teve o nome envolvido em agressão a prostitutas e em orgias. Ele também não é o primeiro jogador do clube a trocar os estádios pelas delegacias. No início deste ano, Adriano foi investigado por ligação a traficantes, e Vagner Love, seu parceiro no ataque, foi fotografado escoltado por traficantes armados.

Para Zico, sempre houve alguma convivência entre o futebol e a bandidagem, o que é proporcionado por uma cultura permissiva que se estende a outras áreas. A figura do bicheiro, por exemplo, sempre foi muito presente em alguns clubes e também no samba e em algumas rodas de artistas. “Conviver não é o problema. Agora, não dá para fazer negócio com esses caras”, diferencia.

A mudança que se quer no comportamento de atletas profissionais, com muito dinheiro e fama e pouquíssimas noções de limites e disciplina, passa, para Zico, pela transformação das bases do esporte. “Quando o jogador chega ao profissional é difícil mudar alguma coisa. Mas todos que hoje são celebridades passaram pela base, onde ainda é possível dar a orientação. Se esses jogadores que se envolveram em confusões tivessem tido bom aprendizado, muitas coisas não teriam acontecido”, acredita o Galinho.

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Antes mesmo de ganhar as manchetes policiais, os excessos na Gávea davam sinais de que algo andava mal no quesito disciplina. Faltas e exigências quando ao horário dos treinos, por exemplo, foram tolerados no clube desde a época de Romário, nos anos 90. A cultura do “não treina, mas resolve no campo”, para ele, precisa ser coisa do passado.

Zico resgata, de sua adolescência, um episódio que deixa clara sua noção de disciplina. “Quando eu fazia escolinha no Flamengo, tinha um garoto do dente de leite que era o ‘Pelezinho’. Uma promessa de craque, que brilhou em uma apresentação para 80, 100 mil pessoas no Maracanã mesmo com a pouca idade. Na semana seguinte a esse jogo, quando começamos a treinar, todos estavam na fila para receber o gevral, uma vitamina misturada ao leite, e ele jogou a bebida no chão. Na mesma hora o treinador tirou o garoto da fila e expulsou do time. Nunca mais pôs os pés no Flamengo. Quem assistiu à cena pensou duas vezes antes de fazer besteira. Orientação é isso”.

Massimiliano Quatti, treinador do Milan que comanda a colônia de férias do clube em Angra dos Reis, expõe um ponto de vista mais realista sobre o que os clubes acabam fazendo quando se deparam com abusos de jogadores talentosos. “Se for um craque extraordinário, a gente até se esforça mais, insiste, conversa. Afinal, não se pode desprezar um craque. Mas tudo tem limite”, afirma.

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