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O segredo do Barcelona? Fazer o fácil, revela Daniel Alves

Lateral da seleção conta como é jogar no melhor time do mundo e explica como se deve marcar Messi, que aponta como um de seus melhores amigos no grupo

Por Silvio Nascimento Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 24 abr 2012, 11h00

“É tudo mais fácil com jogadores de qualidade: basta colocar a bola no lugar correto e o eles fazem o resto”

Quem assiste a uma partida do Barcelona pode se perguntar: como é possível fazer uma equipe jogar de maneira tão diferente dos concorrentes, mantendo a posse de bola durante 70% do tempo e apresentando um jogo bonito e eficiente? De acordo com uma das principais peças do time, não existe segredo algum. Pelo contrário: o que explica o sucesso da fórmula catalã é justamente a simplicidade. Daniel Alves está no Barça desde 2008. Mesmo jogando numa posição que costuma ser ocupada por coadjuvantes, o lateral-direito é uma das chaves do sucesso do time – principalmente pelo excepcional entrosamento com Lionel Messi, o craque do time, o melhor jogador do mundo e um dos maiores amigos de Daniel no vestiário do clube. Na tarde desta terça-feira, o brasileiro e o argentino têm mais um desafio: levar o Barça à segunda final seguida de Liga dos Campeões, a terceira em quatro anos. Para isso, o time precisa derrotar o Chelsea em casa. Que ninguém espere surpresas na partida do Camp Nou – o Barça jogará como sempre, com passes fáceis e jogadas efetivas, conforme revelou Daniel nesta entrevista exclusiva.

Como foi sua adaptação à Espanha? Difícil. Cheguei da Bahia muito jovem, não conhecia nada, era o único brasileiro no time do Sevilla. Tive a sorte de encontrar o Denilson, que jogava em outro clube, o Real Bétis, e me ajudou muito. Mas não foi nada fácil me acostumar às baixas temperaturas. Imagina só, eu chegando do Nordeste, vindo daquele calor danado, e este frio aqui… E também tive um pouco de dificuldade com o idioma. O resto foi fácil, a comida é ótima, as pessoas são receptivas.

Você encontrou um futebol muito diferente do que estava acostumado? Sim, a velocidade é maior, a intensidade com que se joga também. No Brasil, é tudo mais cadenciado, um pouco mais pausado.

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Você teve de mudar algo no seu estilo? Sim, um pouco, porque eles tinham um conceito um pouco diferente para a posição. Eles achavam que o lateral era um defensor que não devia atacar. Com o tempo e mais confiança, mudei esse conceito. Mas não foi fácil.

Como o Barcelona entrou na sua vida? Depois de um tempo maravilhoso no Sevilla, alguns clubes mostraram interesse. Joguei uma decisão contra o Barcelona, a Supercopa de 2006, e fui o melhor em campo (pelo Barcelona jogaram Belletti, Sylvinho, Thiago Motta e Ronaldinho Gaúcho, e junto com Daniel no Sevilla estava Luis Fabiano). Acho que aquela partida ajudou muito para que chegasse uma boa proposta.

Você tinha proposta de outros clubes? Fazia três temporadas que estava para sair do Sevilla. Tive sondagens da Inglaterra, do Real Madrid, mas nunca algo firme. Quando surgiu o interesse do Barcelona, abracei a situação, vi que eles queriam mesmo a contratação, vieram com uma proposta séria e tudo deu certo.

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Deu mesmo, não? Você esperava este sucesso? Sei que estou nos melhores anos deste clube. Mas não sabia que ia ser isso. Assumi um risco, porque toda decisão tem uma boa carga de risco. E deu certo, montamos um bom grupo, temos um objetivo definido, e naquele momento o Barcelona estava tentando construir um novo time. O plano do clube se encaixava com o meu. Hoje, posso falar que contribui com um pouquinho, dei uma pequena ajuda nessa história recente do clube.

O brasileiro Daniel Alves fez o segundo gol do Barcelona na goleada por 5 a 1 contra o ucraniano Shakhtar Donetsk
O brasileiro Daniel Alves fez o segundo gol do Barcelona na goleada por 5 a 1 contra o ucraniano Shakhtar Donetsk (VEJA)

A chegada ao Barcelona foi sem traumas? Sim, cheguei com apoio do treinador. E sabendo que não existe titular no Barcelona, muito poucos jogadores têm esse privilégio. Aqui temos um grupo altamente qualificado: entra jogador, sai jogador, e não cai a qualidade nem o rendimento da equipe.

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Você logo fez amizades? Desde que cheguei os jogadores foram muito bacanas. Logo me identifiquei com o Messi e também com o Sylvinho, lateral esquerdo que conhecia bem a casa e logo me passou toda sua experiência. Ele conhecia tudo do clube.

Messi o recebeu bem, então? Sim, fizemos amizade desde o começo. Foi identificação mesmo, naturalmente conversávamos mais, ficávamos juntos nos treinos, tínhamos empatia. É bom tê-lo como amigo porque facilita nossa combinação dentro de campo.

Vocês treinam algo em especial? Não, nada diferente, treinamos junto com o time normalmente. Quando se joga com atletas altamente qualificados, fica tudo mais fácil. As ideias vão surgindo e vamos pondo em prática.

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Como são os treinamentos no Barcelona? Depende da quantidade de jogos da semana, mas normalmente treinamos entre duas e duas horas e meia por dia. O volume de treinamento é menor que no Brasil. A preparação física aqui é na pré-temporada, no decorrer da temporada é só manutenção. O controle, ritmo e o conforto de estar em campo só vêm com os jogos. Treino é importante, mas o fundamental é estar bem descansado e preparado para o que importa, que é o jogo.

Você já jogou contra o Messi. O que fazer para marcá-lo? Bem, primeiro é necessário ajuda, porque ele é espetacular e ficar sozinho diante dele é um grande problema. Então, um só não é suficiente. Mas também não se pode entrar em campo pensando que vai enfrentar o melhor jogador do mundo, não se pode colocar em posição de inferioridade. Afinal, ele é um jogador diferente e mais qualificado, mas nada de ser submisso, inferior. Tem de encará-lo como um bom jogador, não superior.

E como ele é fora de campo? Fazemos as coisas normais, como sair para jantar. Ele tem caráter forte e é uma pessoa muito simples. É divertido quando tem de ser, mas não é de falar muito.

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Lionel Messi comemora gol com Daniel Alves em partida contra o Manchester United, no estádio de Wembley em Londres, pela final da Liga dos Campeões da UEFA de 2011
Lionel Messi comemora gol com Daniel Alves em partida contra o Manchester United, no estádio de Wembley em Londres, pela final da Liga dos Campeões da UEFA de 2011 (VEJA)

Qual o segredo deste time do Barcelona? Tentamos fazer as coisas mais fáceis possíveis. Os jogadores de qualidade, diferenciados, são acionados no melhor momento, perto da área. Longe do gol, o Barcelona faz o mais fácil possível: se tenho um companheiro livre, toco para ele. Temos a consciência de que quanto mais facilmente fizermos as coisas mais efetivo será o resultado. É mais fácil com jogadores de qualidade, basta colocar a bola no lugar correto e o eles fazem o resto.

E como é trabalhar com Guardiola? É muito simples. Ele está muito próximo, tem conceitos de tática espetaculares, e a cada dia aprendemos algo com ele. É um treinador-jogador, e isso é muito importante. Está mais próximo de nós jogadores.

Como você analisa o estágio da seleção? Está ganhando corpo. É importante ter uma base e manter um grupo. O tempo de convívio é o mais importante, pois vamos nos conhecendo, sabendo como o outro joga. A seleção está no caminho correto, e não podemos nos influenciar por opiniões externas.

Você pensa em voltar ao Brasil, talvez antes de encerrar a carreira? Nossa, esse momento está muito longe nos meus planos. Mas creio que seria bacana terminar onde comecei. Mas está muito longe ainda. Mas só faria isso se ainda tivesse bom nível de futebol.

Você já teve dias ruins no Barcelona? Tempo ruim é quando tenho algum problema físico. Sempre saio de campo com a certeza de que fiz o melhor possível. Posso ter um dia melhor ou pior tecnicamente, faz parte do futebol. Mas nunca deve faltar disposição. Sou um jogador feliz.

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