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Entre os milionários do esporte, boleiros são coadjuvantes

Saiba por que, entre atletas, nem sempre o melhor de todos é o mais bem pago

Por Da Redação
17 jun 2012, 15h09

O futebol americano paga 16 milhões de dólares ao liberiano Tamba Hali, do Kansas City Chiefs. Ele joga numa posição secundária e num time pequeno. Ainda assim, ganha quase 2 milhões de reais por ano a mais que Kaká

A pouco mais de um mês da Olimpíada de Londres, torcedores de todos os continentes aguardam ansiosos para ver os fenômenos Michael Phelps e Usain Bolt em ação no maior evento esportivo do planeta. Enquanto isso, no universo do futebol, os grandes clubes europeus aproveitam o fim de temporada para costurar negociações milionárias – craques como o brasileiro Kaká podem movimentar o mercado. No quesito conta bancária, contudo, todos esses grandes ídolos – rostos conhecidos no mundo todo e símbolos de excelência em suas atividades – são, acredite, meros coadjuvantes. Isso porque, quando se trata da remuneração dos atletas, nem sempre os melhores e mais famosos são os mais ricos. Nos rankings dos esportistas mais bem pagos da atualidade, há muitos representantes de modalidades cuja popularidade é restrita a algumas partes do mundo, como o futebol americano e o beisebol. E entre os líderes das listas de milionários do esporte estão atletas que competem diante do público não mais que três vezes por ano – como os boxeadores Manny Pacquiao e Floyd Mayweather. No ano passado, Pacquiao recebeu nada menos que 50 milhões de dólares por apenas duas lutas. Kaká, o atleta brasileiro com o maior salário em 2011, recebeu pouco menos de 15 milhões de dólares de seu clube, o Real Madrid.

Pacquiao, de 33 anos, é sem dúvida um atleta extraordinário. Tem seis títulos mundiais e já ganhou 54 lutas. Trata-se, porém, de um representante de um esporte em decadência (ainda que siga movimentando enormes cifras) e pouco praticado por atletas amadores (ou seja, não é exatamente uma inspiração para os esportistas de fim de semana, que consomem os produtos de marcas como Nike e Adidas, gigantes do setor). Para completar, não é americano, inglês, alemão ou chinês, algumas das nacionalidades que aumentariam o seu potencial de exploração publicitária. Nascido nas Filipinas – onde, além de grande ídolo nacional, também é deputado federal -, o “Pac-Man” está longe de alcançar a popularidade de nomes como Lionel Messi, Cristiano Ronaldo, Roger Federer, LeBron James e David Beckham. Ainda assim, ele lidera o ranking divulgado no mês passado pela revista americana ESPN, publicada pelo mesmo grupo que controla a maior rede de TV especializada em esportes no mundo. Na lista estão os atletas mais bem pagos – em prêmios e salários, sem contar contratos publicitários – de todos os países do mundo. Abaixo do filipino Pacquiao – que recebeu em 2011 o equivalente a 23.000 vezes o PIB per capita de seu país – está um atleta americano. Mas engana-se quem acha que ele seja um astro das ligas profissionais de basquete, futebol americano ou beisebol. O segundo colocado no ranking da ESPN é outro boxeador, Floyd Mayweather Jr., hoje preso por violência doméstica.

Show e lucro – Não por coincidência, um dos eventos mais sonhados pelos empresários do esporte é justamente uma luta entre Pacquiao e Mayweather. Derrotado na semana passada – depois de permanecer invicto pelos últimos sete anos -, Pacquiao deverá ganhar uma revanche contra seu algoz, Timothy Bradley, nos próximos meses. Acredita-se que esse seja o período suficiente para Mayweather sair da cadeia e se preparar para a tão esperada luta com o filipino. Se isso ocorrer, Pacquiao pode fechar 2012 lucrando muito mais que os 50 milhões de dólares que amealhou no ano passado. No caso do boxe, não é tão difícil entender o motivo desses valores estratosféricos. É um esporte individual que precisa de grandes nomes para render muito dinheiro a seus promotores, através da venda de ingressos e pay-per-view na TV. Numa modalidade como essa, é inescapável entregar fortunas nas mãos dos astros do espetáculo. Sem eles, não há show nem lucro. Mas o que dizer de esportes como o beisebol e o futebol americano, em que os times têm elencos enormes (no futebol americano, cerca de 50 atletas), em que um jogador pode ter sua participação restrita a poucos minutos? Mesmo sendo modalidades essencialmente americanas, com poucos estrangeiros entre suas fileiras, há nada menos que seis jogadores de futebol americano e seis de beisebol na lista da ESPN. Eles são os esportistas mais bem pagos de países como Libéria, Samoa Americana, República Dominicana, Panamá e Venezuela.

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Nações muito pobres, craques muito ricos A disparidade entre os salários de alguns atletas da lista da ESPN e a riqueza de seus países de origem
País Nome e modalidade Salário anual (2011) PIB per capita
Tanzânia Hasheem Thabeet, basquete da NBA US$ 5 milhões US$ 516
Camarões Samuel Eto’o, futebol US$ 13 milhões US$ 1.207
Congo Bismark Byombo, basquete da NBA US$ 2,8 milhões US$ 201
Gana Asamoah Gyan, futebol US$ 16 milhões US$ 1.333
Costa do Marfim Yaya Toure, futebol US$ 15,4 milhões US$ 1.154
Togo Emmanuel Adebayor, futebol US$ 13,3 milhões US$ 525
Haiti Samuel Dalembert, basquete da NBA US$ 7 milhões US$ 613
Nicarágua Vicente Padilla, beisebol da MLB US$ 1,5 milhão US$ 1.132

Em nações tão periféricas no mundo dos esportes, é natural pensar que mesmo os atletas mais bem pagos estejam muito abaixo de Kaká, o representante do Brasil, país com um bom número de atletas mundialmente famosos. Nada disso. O futebol americano paga 16 milhões de dólares ao liberiano Tamba Hali, do Kansas City Chiefs. Ele não ocupa nem mesmo a posição mais estratégica de um time de futebol americano, a de quarterback. Tamba Hali é um linebacker, um dos defensores que fazem o trabalho sujo para que o quarterback tenha espaço para lançar a bola. Ainda assim, ganha quase 2 milhões de reais por ano a mais que Kaká. No beisebol, o venezuelano Johan Santana, do New York Mets, lucra a bagatela de 23 milhões de dólares a cada ano de seu contrato. O panamenho Carlos Lee leva para casa 19 milhões a cada temporada em que defende o Houston Astros. Ambos estão muito à frente de Lionel Messi, que faz 13,7 milhões de dólares por ano sendo o melhor atleta da modalidade mais popular do planeta. Nesse caso, ao contrário do que ocorre no boxe, a causa principal de tamanho abismo é a força financeira dos esportes tradicionais dos Estados Unidos. Pioneiros na profissionalização de suas modalidades, os americanos ainda são imbatíveis na hora de transformar um jogo em negócio.

Oito ouros, um milhão – O futebol pode ter se espalhado por todo o globo e conquistado um grau de profissionalização muito elevado graças à organização das ligas europeias. Na comparação com os esportes americanos, no entanto, o futebol ainda fica muito atrás. No futebol americano, por exemplo, a média de público de cada temporada é de quase 67.000 pessoas. E os executivos da liga profissional, a NFL, sabem muito bem como explorar o fanatismo do torcedor, aproveitando cada oportunidade de negócio, explorando todas as fontes de receita de seu produto. É isso que abastece as folhas salariais polpudas de todos os times da liga – e que faz de esportistas que pouca gente conhece fora dos EUA milionários ainda maiores do que heróis internacionais das modalidades menos rentáveis. No caso dos esportes olímpicos, os grandes campeões dependem quase que exclusivamente dos contratos publicitários. Michael Phelps e Usain Bolt jamais receberão prêmios multimilionários por suas vitórias nas piscinas e nas pistas. Há quatro anos, nos Jogos de Pequim, Phelps alcançou uma façanha quase inacreditável ao faturar oito medalhas de ouro em uma só Olimpíada, superando o recorde do também americano Mark Spitz em 1972. O prêmio pela marca histórica, concedido pela fabricante de maiôs Speedo – que teve seu nome divulgado no mundo todo no evento esportivo mais visto no planeta – foi relativamente modesto para o tamanho de sua conquista: 1 milhão de dólares.

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