Copa: governo foge da dividida. E se arrisca ainda mais
Estratégia da base aliada - jogar no colo dos estados a principal encrenca da Lei Geral da Copa - testa a boa vontade da Fifa duas semanas depois da trégua
O timing da votação no Congresso foi terrível. Horas antes, na Fifa, Blatter elogiou o Brasil, mas outros dirigentes foram muito menos gentis, justamente pelo enrosco da Lei Geral da Copa no Congresso
Quem não conhece o funcionamento da política brasileira pode até achar que foi provocação. Não foi: na avaliação do comando governista no Congresso Nacional, a sessão que aprovou a Lei Geral da Copa na Câmara, na noite desta quarta-feira, foi, de fato, bem sucedida. Os parlamentares governistas votaram um texto que só adia (e complica ainda mais) a resolução da parte mais delicada do cabo-de-guerra entre o Brasil e a Fifa – a autorização à venda de bebidas alcoólicas nas partidas do Mundial de 2014, contrariando a lei em vigor atualmente, que veta o consumo de álcool nos estádios do país. Na manhã desta quarta, em reunião do Comitê Organizador da Copa, na sede da Fifa, em Zurique, o país tinha sido cobrado publicamente mais uma vez sobre a consolidação das normas que se referem à Copa (que, na avaliação da entidade, já está cinco anos atrasada). Deve provocar espanto nos 23 integrantes estrangeiros do Comitê Executivo da Fifa – o 24º é o brasileiro Marco Polo del Nero – que, horas depois, o Congresso brasileiro se reúna para empurrar o problema com a barriga mais uma vez – e, pior ainda, distribuindo o abacaxi a todos os estados que receberão partidas da Copa.
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adotado um tom conciliador e diplomático
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