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Como o ‘padrão Fifa’ de qualidade pode salvar a Copa-2014

O sorteio no Rio seguiu à risca as exigências da entidade - que conta com uma bem azeitada máquina administrativa capaz de prevenir fiascos de organização

Por Giancarlo Lepiani, do Rio de Janeiro
1 ago 2011, 11h31

A nuvem de suspeitas de corrupção que acompanha a Fifa há décadas costuma encobrir um dos segredos do sucesso da entidade que controla a modalidade esportiva mais popular do planeta. Enquanto sua cúpula trata de política e diplomacia – alguns de seus dirigentes costumam afirmar que ela é mais poderosa e influente que a ONU -, há um segundo escalão que faz funcionar uma potente (e rentável) máquina administrativa. É nesse nível de hierarquia que rodam as engrenagens mais eficientes da Fifa, que garantem o sucesso de todas as competições organizadas pela entidade. E é justamente essa rígida estrutura que pode impedir que a Copa do Mundo de 2014 fracasse, apesar do planejamento falho e da execução pífia do projeto brasileiro até agora. No sábado, os resultados de uma pesquisa de opinião feita pelo site de VEJA mostraram que há uma enorme desconfiança e forte pessimismo em relação ao Mundial no Brasil. No mesmo dia, porém, o primeiro evento oficial da Copa – o sorteio dos grupos das Eliminatórias, no Rio de Janeiro – transcorreu de maneira absolutamente correta, sem grandes sobressaltos. Graças ao “padrão Fifa” de qualidade, seguido à risca por qualquer um que aceite fazer negócio com a entidade, a chance de fiasco acaba sendo pequena. Para que uma Copa do Mundo naufrague, um país precisa de uma dose cavalar de incompetência.

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Encarregados de estabelecer e fiscalizar todas as exigências que acompanham a realização de um evento Fifa, os grupos técnicos da entidade costumam ser o pesadelo dos comitês organizadores. Implacáveis nas suas intermináveis cobranças, revisões e correções de projetos, eles costumam testar a paciência dos envolvidos nas obras em estádios e outras instalações ligadas à Copa. Para receber uma partida do Mundial, um estádio precisa cumprir uma avalanche de requisitos técnicos, que vão desde a configuração das arquibancadas até o número de sanitários e lanchonetes disponíveis em cada setor. Esses padrões existem também para cerimônias como a de sábado. Nos bastidores da festa realizada na Marina da Glória, a estrutura armada pelos brasileiros era bastante similar à que acompanhava todas as partidas e eventos da Copa do Mundo da África do Sul. Isso era evidente, por exemplo, na montagem das tendas destinadas a funcionários da Fifa, voluntários locais, imprensa e equipes de apoio. Alguns desses locais eram absolutamente idênticos aos que serviram a Fifa no Mundial de 2010, tanto em suas dimensões como no funcionamento dos serviços prestados. Nada disso é coincidência, evidentemente. Cada detalhe dos lugares erguidos ao redor do palco da Marina da Glória faz parte de um conjunto de exigências que a Fifa entrega – sem chance de negociação – ao comitê organizador local.

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'Resolução de problemas' no sorteio das Eliminatórias da Copa, no Rio de Janeiro
‘Resolução de problemas’ no sorteio das Eliminatórias da Copa, no Rio de Janeiro (VEJA)

Assim como era comum na África do Sul, as poucas e pequenas falhas da cerimônia que deu o pontapé inicial ao Mundial no Brasil foram sempre ligadas ao preparo – ou falta dele – das pessoas escaladas para fazer o evento funcionar. As informações desencontradas fornecidas por alguns funcionários eram suficientemente frequentes para justificar a montagem de uma inusitada sala dedicada à “resolução de problemas” em geral. Ficou bastante evidente também o risco de problemas decorrentes de velhas tradições brasileiras, como o mal do “você sabe com quem está falando?” e as pragas do “jeitinho” e do “favorzinho”. Como o grau de treinamento e preparação de funcionários é mais difícil de medir, é nesse ponto que a Fifa se arrisca a ter mais problemas em seus eventos. Para o Brasil, porém, 2014 pode ser uma excelente chance de amenizar uma deficiência incômoda para um país que emerge com vigor no cenário internacional: a formação de mais profissionais qualificados para atender aos visitantes estrangeiros, que chegam em número crescente às grandes cidades brasileiras. No sábado, o pano de fundo espetacular da festa – um Rio de Janeiro com céu aberto e calor de 30 graus em pleno inverno – foi mais que o bastante para encantar os convidados. No Mundial, quando muito mais coisa estará em jogo, apenas as belezas naturais e a simpatia do povo não resolverão.

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