Brasil x Argentina: Copa América 2011 tem arquirrivais na panela de pressão (e adversários fortes também no páreo)
Saiba por que as seleções de Neymar e Messi têm tudo para travar uma batalha espetacular no principal torneio do continente - em uma edição muito especial
Para tornar as coisas ainda mais difíceis para brasileiros e argentinos, outra novidade nesta edição em relação aos últimos torneios. Desta vez, pelo menos duas equipes aparecem como ameaças reais à hegemonia da dupla
Num passado não tão distante, era uma competição com poucos atrativos e muitos problemas. As seleções mais tradicionais do continente chegaram a disputar algumas edições sem seus principais jogadores. Não era para menos: as partidas eram disputadas em estádios acanhados, com gramados esburacados e estrutura precária. Os times participantes também não ajudavam muito – em baixa, até as seleções favoritas ao título pouco lembravam os grandes esquadrões do passado. Não desta vez. Uma conjunção de fatores positivos transformou esse quadro em 2011 (confira no quadro abaixo). E a Copa América que começou na noite de sexta-feira, na Argentina, tem tudo para ficar na memória dos torcedores como um dos melhores torneios da história recente do futebol mundial. Com grande equilíbrio entre suas principais forças, a disputa tem início com apenas uma certeza: pelo menos um dos gigantes da América do Sul sairá cambaleante da briga. Brasil e Argentina encaram uma intensa pressão para levar a taça na aguardada decisão, marcada para o dia 24 de julho, em Buenos Aires.
Os argentinos já sentiram esse nervosismo logo na estreia – jogando mal, só empataram com a frágil Bolívia, por 1 a 1. No caso dos brasileiros, a cobrança é mais amena. Atual bicampeã da Copa América, a seleção pentacampeã do mundo chegou ao país vizinho com um retrospecto invejável na última década da competição. As duas conquistas, em 2004 e 2007, foram justamente sobre a arquirrival Argentina. Se na Copa América o Brasil anda fazendo sucesso, na Copa do Mundo a situação é muito mais incômoda. As duas eliminações nas quartas de final, em 2006 e 2010, deixaram a torcida pouco confiante na equipe mais vencedora do futebol internacional. Para complicar, a nova fase da seleção, sob o comando de Mano Menezes, ainda não empolga, mesmo com a presença de jogadores que cativam a torcida, como Neymar, Ganso e Pato. Será a primeira competição oficial de Mano e o primeiro grande desafio dessa geração encarregada de disputar a Copa de 2014 em casa, quase com a obrigação de levantar o hexa. Vida fácil, portanto, o Brasil não terá. Não só porque tem o peso da responsabilidade nas costas, mas também porque terá obstáculos monumentais.
Não perca
A seguir, os melhores jogos da fase inicial:
- • Argentina x Colômbia, 6/7, 21h45
- • Brasil x Paraguai, 9/7, 16h
- • Uruguai x Chile, 8/7, 19h15
Título ou tragédia – O maior desses obstáculos tem só 1,69 metro, mas tornou-se um verdadeiro colosso nas últimas três temporadas. O argentino Lionel Messi, incontestável detentor do título de melhor jogador do planeta, comanda uma seleção com muitas coisas a provar nesta Copa América. O próprio Messi retorna à sua terra natal com um abacaxi a descascar: estará sob todos os holofotes e na mira de todos os zagueiros, mas ainda assim terá de brilhar, desequilibrar os jogos, marcar gols de placa e levar o time ao topo do pódio – encerrando, finalmente, a fama de jogador de clube, que não consegue brilhar com a camisa de sua seleção, e de craque “estrangeiro”, que tem não desperta nos torcedores as mesmas paixões que outros ídolos, como Di Stéfano, Kempes e Maradona. Um fardo nada modesto para o atacante de 67 quilos carregar. Mas o mundo se acostumou a ver Messi driblar qualquer barreira desde que ele despontou no Barcelona. Ele não está sozinho nessa encrenca: todo o time carrega a incômoda certeza de que qualquer resultado que não seja o título será uma tragédia, algo que abalaria de vez a confiança do torcedor argentino no futebol de sua seleção.
Campeão | Vice | |
---|---|---|
2007, Venezuela | Brasil | Argentina |
2004, Peru | Brasil | Argentina |
2001, Colômbia | Colômbia | México |
1999, Paraguai | Brasil | Uruguai |
1997, Bolívia | Brasil | Bolívia |
1995, Uruguai | Uruguai | Brasil |
1993, Equador | Argentina | México |
Os argentinos montaram grandes equipes nos últimos anos, mas as gerações recentes carregam a fama de decepcionar nas horas decisivas. Por causa disso, vivem uma vexatória seca de títulos, que já se estende desde 1993. A última conquista argentina com sua seleção principal foi justamente uma Copa América, em 1993 – um jejum de dezoito anos, portanto. Nesse período, os alvicelestes viram a seleção brasileira ganhar duas Copas do Mundo e três Copas das Confederações – sem contar quatro edições da própria Copa América. Jogarão este torneio com toda a torcida a seu favor, mas o público pode passar a ser um elemento negativo se as coisas não forem bem. São os favoritos, mas sabem que podem tropeçar a qualquer momento – e que esse tombo será dolorido demais. Para tornar as coisas ainda mais difíceis para brasileiros e argentinos, há outra novidade nesta edição em relação aos últimos torneios. Desta vez, pelo menos duas equipes aparecem como ameaças reais à hegemonia da dupla: o Paraguai, com um time eficiente e perigoso, e principalmente o Uruguai, quarto lugar na última Copa, com o melhor jogador do Mundial, Forlán. Como se vê, serão três semanas de emoções de tirar o fôlego nos campos sul-americanos.