Abertura de fórum sobre futebol no Rio se transforma em desagravo a João Havelange
Ex-presidente da Fifa desligou-se do Comitê Olímpico Internacional, pressionado por denúncias de recebimento ilegal de 1 milhão de dólares
O evento de abertura do VIII Fórum Internacional de Futebol – o Footecon 2011 – transformou-se em uma espécie de desagravo a João Havelange. No momento em que o dirigente se vê acuado por denúncias de recebimento ilegal de 1 milhão de dólares durante seu período à frente da FIFA e se desliga do Comitê Olímpico Internacional (COI), Havelange foi, por iniciativa de dois dos participantes da mesa, a figura central do encontro. Os dois discursos tecendo loas ao brasileiro têm peso – pelo menos no Futecon: Carlos Alberto Parreira, o ‘dono’ do evento, e a secretária estadual de esportes do Rio, Márcia Lins.
Havelange era esperado para o Footecon. Mas, em função dos últimos desdobramentos do caso e, principalmente, da confirmação de sua saída do COI – com especulação de que ele também vá abrir mão do cargo na FIFA – sua presença era incerta. Mas Havelange apareceu. Só não quis falar, deixando para Parreira e Márcia Lins a função de falar, muito, em nome dele.
“Tenho aqui nesta mesa um amigo. Muito mais que um amigo, um pai, que adoro e venero por tudo que fez pelo futebol brasileiro, doutor João Havelange”, anunciou Parreira, dirigindo-se ao decano do futebol e aos demais participantes da mesa, entre eles o ministro do Esporte, Aldo Rebelo.
Márcia Lins emendou. “Nós temos aqui essa pessoa querida, essa pessoa amada, que mudou o futebol do mundo. Um brasileiro que mudou a realidade desse esporte apaixonante, que se transformou num grande movimentador de negócio. Essa pessoa inspiradora, o nosso João Havelange”, declarou-se.
Havelange em seguida posou para fotos com participantes e admiradores. Mas a todo momento um assessor lembrava uma condição para quem quisesse se aproximar dele: “sem perguntas, sem perguntas”.
Aldo Rebelo negou que as denúncias sobre Havelange e a saída dele do COI – e, possivelmente, da FIFA – atrapalhem a imagem do Brasil e da Copa de 2014. “Nosso futebol está organizado, tem uma série de títulos importantes. Se isso vier a acontecer, não vai atrapalhar”, desviou.
O ministro afirmou ainda que trabalha para que a lei geral da Copa seja votada ainda este ano pela Câmara. Assim, fica para o ano que vem apenas a tramitação do texto no Senado.