‘Saint-Laurent’ capta o espírito do estilista e de sua época
Filme do francês Bertrand Bonello registra em detalhes o processo criativo do costureiro
Por Mariane Morisawa, de Cannes
17 Maio 2014, 17h42
É uma daquelas coincidências do cinema. Em fevereiro, o Festival de Berlim exibiu Yves Saint-Laurent, cinebiografia sobre o estilista (1936-2008) dirigida por Jalil Lespert e estrelada por Pierre Niney, que estreou no Brasil. Agora, o 67º Festival de Cannes apresentou, em competição, Saint Laurent, de Bertrand Bonello, que já concorreu à Palma de Ouro por Tirésia (2003) e L’Apollonide – Os Amores da Casa de Tolerância (2011), neste sábado. Yves Saint-Laurent veio com a chancela do sócio e ex-companheiro do costureiro, Pierre Bergé. É difícil de imaginar que ele aprove o longa de Bonello da mesma maneira.
Saint Laurent começa em 1974, quando o protagonista (uma boa interpretação de Gaspard Ulliel) dá uma entrevista por telefone falando de seus traumas durante a guerra da Argélia, tratados com sedativos e choques. Em seguida, o filme volta a 1967: o estilista, dono de sua própria grife ao lado de Bergé (Jérémie Renier), está atolado de trabalho. Bergé é ambicioso e sempre está inventando maneiras de ampliar os negócios – o que certamente contribui para a fama da grife, mas também para o esgotamento de Saint Laurent. A partir daí, a narrativa vai e volta no tempo, expondo em detalhes seu processo criativo e sua atenção rigorosa aos detalhes que fizeram dele o último grande revolucionário da moda, famoso por suas coleções inspiradas em obras de artistas contemporâneos como Piet Mondrian e o smoking para mulheres.
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A produção mostra relacionamentos importantes de sua vida, com Loulou de la Falaise (Léa Seydoux), a modelo Betty Catroux (Aymeline Valade), e seu amante, Jacques de Bascher (Louis Garrel) – que também era amante do estilista Karl Lagerfeld. Bonello não se preocupa em contar os detalhes da vida de Saint Laurent, mas, sim, em captar sua personalidade, a importância das mulheres em sua vida e em seu trabalho e, também, registrar a atmosfera dos anos 1960 e 1970. O estilista nascido em Oran, na Argélia, colônia francesa na época, bebia um bocado, usava muitas drogas e gostava de frequentar as boates da moda.
Com o fotógrafo Josée Deshaies, que colaborou em todos os seus filmes anteriores, inclusive O Pornógrafo (2001), o diretor registra o espírito daquela época com uma câmera que captura as cores, as formas, os tecidos e as texturas até das roupas de quem dançava em clubes como o Regine’s. Eles alternam planos longos com sequências em que a tela é picotada para mostrar principalmente o ritmo frenético dos desfiles e sua preparação, com efeito bastante empolgante especialmente na famosa coleção de outono-inverno de 1976, inspirada na ópera e nos balés russos. Há algumas cenas impressionantes, como aquela em que uma cliente (Valeria Bruni Tedeschi, a irmã mais sem graça da ex-modelo e ex-primeira-dama da França Carla Bruni) fica em dúvida na prova de um tailleur masculino, até que Saint Laurent e Loulou constroem seu look com a ajuda de acessórios femininos e devolvem sua autoconfiança. Mais para o final, o filme inclui também um Saint Laurent na velhice, antes de sua morte, em 2008, aos 71 anos, de câncer no cérebro.
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