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‘Trinta’ narra o nascimento de um gênio do Carnaval

Longa de Paulo Machline conta a trajetória de Joãosinho Trinta, da entrada no corpo de baile do Theatro Municipal à afirmação como carnavalesco

Por Flávia Ribeiro
3 out 2014, 10h23

Quem for ao cinema esperando encontrar os bastidores do histórico Carnaval de 1989 vai ter uma grande surpresa. Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia, o desfile da Beija-Flor que teve ala de mendigos e um Cristo coberto por um pano preto, depois de ser proibido na Avenida por uma ação judicial impetrada pela Igreja Católica, só aparece rapidamente nos créditos finais de Trinta, o filme sobre a vida do grande carnavalesco da escola de samba feito por Paulo Machline, diretor também de um documentário sobre o personagem, A Raça Síntese de Joãosinho Trinta, de 2009, e de Natimorto (com Simone Spoladore e Betty Gofman), outro lançado em 2009.

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Trinta é, como diz o diretor, um filme sobre a vida de João Jorge, bailarino do corpo de baile do Theatro Municipal do Rio, cenógrafo de balés e óperas lá apresentados e, na fase Joãosinho das Alegorias, responsável por cenários e adereços dos enredos desenvolvidos pelo também carnavalesco Fernando Pamplona no Salgueiro.

“O filme nasceu em 2002, quando li um artigo de Carlos Heitor Cony sobre Joãosinho. Como a maioria das pessoas, eu conhecia o carnavalesco. Quis conhecer o homem. Depois de meses o acompanhando para tudo, fiz o primeiro roteiro, um épico abarcando toda a sua vida. Vi que precisava de um recorte e escolhi a história que ninguém conhecia, a da transição dele do erudito para o popular. Quando fiz o curta sobre o Pelé (Uma História de Futebol, indicado ao Oscar de 2001 como melhor curta em live action), contei na verdade a história do Dico (apelido de infância). Quando ele vira Pelé, o filme acaba. Agora, fiz o mesmo: contei a história do João Jorge. Quando ele vira Joãosinho Trinta, termina”, compara Machline.

O longa começa no fim dos anos 1950, com a entrada de Joãosinho no Municipal, e termina em 1974, no momento em que a escola de samba se encaminha para a Avenida Rio Branco, onde conquistaria o título do Carnaval – o primeiro de oito que o carnavalesco levou.

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Cartaz de 'Trinta', com Matheus Nachtergaele no papel do carnavalesco Joãosinho Trinta
Cartaz de ‘Trinta’, com Matheus Nachtergaele no papel do carnavalesco Joãosinho Trinta (VEJA)

Nessa narrativa, desponta a figura suave, quase doce, que surge da interpretação de Matheus Nachtergaele. A imagem de gênio rude e impaciente só emerge no fim do filme, quando um Joãosinho frustrado com a própria falta de autoridade no barracão explode, numa das cenas mais divertidas do longa.

“Descobri esse outro lado dele fazendo o filme. O material que arquivo que vi mostrava um homem bravo, até desagradável, às vezes. Mas, durante os ensaios, vi que era um homem que falava alto para ser ouvido. Escolhi esse caminho, o de um homem que foi educado até o limite. O que faz sentido num cara que gostava de Shakespeare e dançava balé”, disse Matheus, em coletiva de imprensa. O ator só esteve com o verdadeiro Joãosinho Trinta uma vez, por três horas: “Pouco tempo depois, ele morreu. Mas percebi, naquele encontro, um olhar espantado, quase infantil”.

Para Paulo Machline, foi Zeni, mulher do carnavalesco Pamplona, quem imprimiu essa doçura ao personagem. “A forma como ela falava do João revelava esse lado dele. E achei importante mostrar essa doçura do começo de vida, porque foi a soma de uma série de frustrações que o transformou no cara imperativo que ele foi”, conta o diretor. Na telona, Zeni é interpretada por Paola Oliveira e Pamplona, por Paulo Tiefenthaler, do programa Larica Total. Os dois são os únicos personagens cem por cento verdadeiros do filme, além de Joãosinho. “Transformei os outros personagens numa somatória de vários. A Isabel (principal destaque do Salgueiro, interpretada por Mariana Nunes), por exemplo, é uma mistura da Isabel Valença com a Pinah (destaque da Beija-Flor nos anos 70 e 80)”, revela o diretor.

Trinta só teve uma sessão no Festival do Rio, com convidados, no Theatro Municipal, no dia 1º de outubro, mas já tem estreia marcada em circuito: dia 13 de novembro.

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