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Tenso do início ao fim, ‘Invocação do Mal’ justifica sucesso no exterior

Com 259,7 milhões de dólares arrecadados ao redor do mundo, novo filme de James Wan ('Jogos Mortais') aposta mais no suspense do que no derramamento de sangue gratuito, com sustos na medida certa e boas atuações

Por Rafael Costa
13 set 2013, 07h49

Tensão do início ao fim. Essa é a sensação que Invocação do Mal provoca no espectador que vai ao cinema atrás de um bom filme de terror. Dirigido por James Wan, o mesmo de Jogos Mortais (2004), o longa aposta na receita — que tem se provado de sucesso — de unir baixo orçamento (20 milhões de dólares) a uma história verídica, dois elementos que, juntos, elevam o poder do longa de atrair o espectador e meter medo nele. Com estreia nesta sexta-feira no Brasil, uma sexta-feira 13, diga-se de passagem, Invocação do Mal deve repetir aqui o bom desempenho registrado nos cinemas americanos, onde arrecadou 41,8 milhões de dólares apenas no fim de semana de estreia, a maior abertura já obtida nos Estados Unidos por um filme de terror baseado em uma história real. O longa acumula até agora, em todo o mundo, 259,7 milhões de dólares. Um lucro e tanto.

O filme narra o caso mais perturbador e desafiador da renomada dupla de investigadores paranormais Ed (Patrick Wilson) e Lorraine Warren (Vera Farmiga) — que também se envolveram nos casos retratados nos filmes Terror em Amityville e Evocando Espíritos. Em 1971, eles são chamados pelo casal Carolyn (Lili Taylor) e Roger Perron (Ron Livingston) para investigar elementos estranhos na casa para onde acabam de se mudar, no interior de Rhode Island, EUA, como odores desagradáveis que surgem em alguns cômodos e portas que se abrem misteriosamente. Além de se unir para livrar a família de uma força demoníaca que assombra o local há mais de um século, Ed e Lorraine vivem em paralelo um drama familiar particular, o que coloca um tempero a mais na história.

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A boa performance da produção no mercado — o longa já é a quinta bilheteria de terror da história dos Estados Unidos, com 135,2 milhões de dólares arrecadados — tem explicação. Ela está ligada à dificuldade que o espectador tem de desgrudar os olhos da tela ou de fechá-los, durante qualquer um dos 112 minutos do filme. Diferentemente da grande maioria dos longas do gênero, Invocação do Mal aposta mais no suspense e no clima de tensão do que em criaturas horripilantes e em derramamento de sangue. Os sustos são dados em momentos propícios e, muitas das vezes, inesperados. Além disso, o cenário de uma casa de campo insalubre e obscura, reforçado pela atuação convincente do elenco (adultos e crianças), contribui para o teor dramático e eleva a tensão.

Vale destacar também os enquadramentos de câmera e as filmagens em primeira pessoa adotadas pelo diretor James Wan em determinadas cenas, que fazem com que o espectador se sinta dentro do cenário. O filme ainda conta com tiradas de humor, no momento em que os membros da equipe de Ed e Lorraine estão na casa mal-assombrada, o que quebra um pouco o gelo e prepara o espectador para novos momentos de angústia, como a longa e terrível cena de exorcismo operada na casa.

A nova produção de James Wan é mais uma prova que a quantidade de dinheiro investido não é, necessariamente, proporcional à qualidade, principalmente quando se trata dos gêneros terror e suspense. Vide os exemplos de sucessos anteriores como Atividade Paranormal (15 000 dólares), Bruxa de Blair (60 000 dólares) e Mama (15 milhões de dólares). O último, aliás, chegou a desbancar blockbusters em sua estreia nos Estados Unidos, assim como o próprio Invocação do Mal, que custou aos cofres da Warner cerca de 20 milhões de dólares e superou grandes produções hollywoodianas, como Círculo de Fogo e O Cavaleiro Solitário ao entrar em cartaz.

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‘O Exorcista’ (1973)

Ficção: Dirigido por William Friedkin, O Exorcista (1973) narra a história da garota Reagan MacNeil (Linda Blair), que é possuída por uma entidade demoníaca aos 12 anos. Para solucionar o caso, sua mãe decide chamar o padre exorcista Lankester Merrin (Max von Sydow).

Realidade: O roteirista William Peter Blatty se inspirou em um artigo publicado na Universidade de Georgetown, Washington, sobre um exorcismo realizado em 1949. No entanto, os nomes, a localidade e, inclusive, o sexo da criança foram trocados. A verdadeira história tem o garoto Roland Doe como alvo de uma entidade demoníaca. Ele mora em Maryland e não em Washington, como no filme, e passa por cerca de trinta tentativas de exorcismo até os padres William S. Bowdern e Walter Halloran obterem sucesso. As gosmas e a postura de caranguejo ao descer as escadas também foram invenções da equipe do filme para dar mais força ao longa.

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‘O Exorcismo de Emily Rose’ (2005)

Ficção: Em O Exorcismo de Emily Rose (2005), o Padre Moore é condenado à prisão após uma tentativa de exorcismo frustrada com a jovem universitária Emily Rose (Jennifer Carpenter). O caso é narrado ao longo da história por Moore, que conta com a ajuda da cética advogada Erin Bruner (Laura Linney) para se livrar da acusação de ter matado a garota.

Realidade: O filme foi inspirado em um caso real ocorrido na Alemanha entre 1968 e 1975 com a jovem Anneliese Michel, de 16 anos. Após apresentar um comportamento estranho com convulsões e crises de epilepsia, além de ouvir vozes, a garota foi diagnosticada com esquizofrenia. Ela chegou a apresentar melhoras, mas, com o passar do tempo, as vozes e as visões voltaram a atormentar a jovem, que praticamente não se alimentava mais e passou a assumir um comportamento agressivo com a família e até consigo mesma. Após o fracasso do tratamento, o Padre Ernest Alt foi chamado para realizar o exorcismo, que a livrou do espírito malígno após nove meses. No entanto, Anneliese morreu por desnutrição e falência múltipla dos órgãos.

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‘Psicose’ (1960 e 1998)

Ficção: No clássico Psicose, de Alfred Hitchcock, Norman Bates é um gerente de hotel com dupla personalidade que segue as ordens da falecida mãe, por quem tem verdadeira obessão (um traço do Complexo de Édipo) e cujo cadáver é mantido em um local próximo ao estabelecimento onde ele trabalha. Seu temperamento doentio faz dele um assassino em série, que vitima os hóspedes do hotel onde dá expediente. A principal vítima é a ladra Marion Crane (Janet Leigh), que em uma das cenas é atacada durante o banho com uma faca — um dos momentos mais clássicos do cinema.

Realidade: Psicose é uma adaptação cinematográfica da obra do escritor americano Robert Bloch. O autor, por sua vez, se inspirou no caso do fazendeiro Ed Gein, da cidade de Winsconsin, nos Estados Unidos, que vitimou uma série de mulheres por enxergar nelas a figura da falecida mãe. Ed usava a pele das vítimas para fazer móveis e até se vestir. O caso do assassino de Winsconsin também serviu de inspiração para os filmes O Massacre da Serra Elétrica (1974), em que um homem de uma família canibal do Texas mata uma série de pessoas para se alimentar de sua carne, vendê-las e, até para vestir seu rosto, e O Silêncio dos Inocentes (1991), em que o psicopata Hannibal Lecter (Anthony Hopkins) auxilia uma agente do FBI a encontrar um assassino que tira a pele das vítimas.

https://youtube.com/watch?v=ax3REUfu3Xw

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‘Horror em Amityville’ (1979 e 2005)

Ficção: Em 1975, o casal George e Kathy Lutz decide se mudar com os filhos para o condado de Amityville, nos Estados Unidos, sem saber que, no ano anterior, uma família havia sido assassinada enquanto dormia por um dos filhos, Ronald DeFeo, influenciado por vozes sobrenaturais vindas de dentro da residência. Os novos moradores logo começam a sofrer as mesmas consequências dos inquilinos anteriores.

Realidade: A história real por trás do longa não foge muito do que foi retratado no cinema. As duas versões cinematográficas de Horror em Amityville, de 1979 e 2005, foram baseadas na obra do escritor americano Jay Anson, que descreveu as experiências sobrenaturais vividas pela família Lutz durante os 28 dias que ela passou na casa. O caso foi, inclusive, estudado pela dupla de investigadores paranormais Ed e Lorraine Warren, os mesmos de Invocação do Mal.

‘Evocando Espíritos’ (2009)

Ficção: Em Evocando Espíritos, o casal Sara (Virginia Madsen) e Peter Campbell (Martin Donovan) se muda para uma casa próxima ao hospital onde um de seus filhos, Matt (Kyle Gallner), faz tratamento contra um câncer. Com o tempo, o rapaz começa a ter atitudes estranhas e a realizar contatos com espíritos dentro da casa, que, anteriormente, funcionava como uma funerária.

Realidade: Outro filme bem próximo da realidade, Evocando Espíritos foi baseado no caso da família Reed, que, no final da década de 1980, se mudou para uma casa em Connecticut, perto do hospital UConn, onde um dos filhos receberia tratamento contra um câncer. A casa, que funcionava como uma funerária anteriormente, era assombrada por espíritos e também foi examinada pela dupla de investigadores paranormais Ed e Lorraine Warren, de Invocação do Mal. Segundo a própria Lorraine, em entrevista à Associated Press, a casa ficou isenta de qualquer presença sobrenatural após um exorcismo, realizado pelo casal em 1988.

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