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‘Noite Decisiva’: o destino sombrio de um garoto que tenta assimilar o mundo

Longa que tenta uma vaga para concorrer ao Oscar de melhor filme estrangeiro pela Finlândia foi rodado em preto e branco e traz imagens dramáticas

Por Simone Costa
28 out 2014, 10h12

Uma ponte desaba e o trem que passa por ela cai na água. Simo (Johannes Brotherus), ao mesmo tempo em que observa a queda do trem, também despenca e, ao tentar chegar à superfície, não consegue porque um vidro impede que ele saia. Ao acordar daquele pesadelo, Simo está com a respiração ofegante e todo suado. Ele quer falar do sonho com o irmão Ilkka (Jari Virman), mas ele não lhe dá ouvidos. Aquelas são as últimas 24 horas de liberdade de Ilkka, que está prestes a ir para a prisão e, ainda que o irmão não lhe escute, Simo estará ao seu lado durante aquele tempo, que será ainda mais perturbador que um pesadelo. Simo é o personagem central de Noite Decisiva (Betoniyö, Finlândia, Suécia, Dinamarca, 2013) da diretora Pirjo Honkasalo, longa que concorrá a uma vaga pela disputa do Oscar de melhor filme estrangeiro de 2015.

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Pirjo Honkasalo foi a primeira mulher a filmar um longa-metragem na Finlândia na década de 70. Com uma grande lista de documentários no currículo, Noite Decisiva marca seu retorno à ficção. Baseado em um conto homônimo de sua companheira Pirkko Saisio – com quem Honkasalo adaptou o roteiro -, o filme foi todo rodado em preto e branco, com imagens dramáticas do diretor de fotografia Peter Flinckenberg. A realidade que se segue ao sonho de Simo parece contaminada pelo seu desconforto por não conseguir emergir da água. Apenas um adolescente de não mais que uns 14 anos, Simo vive numa casa com a mãe (Anneli Karppinen), que não demonstra se importar com a prisão iminente do filho mais velho, e o irmão Ilkka, que faz as contas dos dias que passará na cadeia.

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Simo quer encontrar uns amigos, mas a mãe também planeja sair e pede ao filho que faça companhia a Ilkka. Para Simo, é difícil ver a mãe se arrumar para sair e ele se preocupa que ela beba e fume demais. O irmão é sua referência masculina e o que ele diz impacta Simo, como suas teorias sobre o fim do mundo. Os dois decidem aproveitar aquela noite juntos em algum lugar da cidade, mas não imaginam que serão separados antes do amanhecer. Até esse momento, o filme corre apenas no clima meio sufocante do sonho de Simo e focado na relação complexa daquela família, em que a convivência parece ser apenas algo forçado e a comunicação é árdua. Quando mais nada insinuava acontecer, o longa ganha outra dimensão. Vê-se que Simo é um garoto atordoado, que não consegue assimilar o mundo novo que lhe rodeia ao que já existe em sua cabeça. A vida amorosa da mãe, os deslizes do irmão e até o vai e vem de um enigmático – e extravagante aos olhos de Simo – vizinho que vive no bloco em frente ao seu prédio o atormentam.

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O preto e branco, a música discreta ao fundo e as permanentes nuvens de chuva no céu dão um tom funesto ao filme. E, a partir do momento em que Simo se separa do irmão, o incômodo de acompanhá-lo desde o início daquele dia, torna-se mais sombrio. O final dessa incursão de Simo pelo desconhecido deve impactar cada um de uma maneira distinta, mas o certo é que essa sensação nos segue por um bom tempo depois de deixar o cinema.

Serviço:

Hoje, 21 horas – Cinemark Metrô Santa Cruz – sala 9 – Shopping Metrô Santa Cruz

Rua Domingos de Morais, 2564 – Vila Mariana – Tel: (11) 3471-8070

29/10 às 21h30 – Museu da Imagem e do Som (MIS)

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Avenida Europa, 158 – Jardim Europa – Tel: (11) 2117-4777

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