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‘Não demitir John Galliano seria conivência com um crime’, diz Gloria Kalil

A consultora de moda comenta a recente decisão da grife francesa Christian Dior pela demissão do estilista acusado de antissemitismo

Por Rodrigo Levino
1 mar 2011, 18h37

‘Eu acho que existe um buraco negro na cabeça do Galliano que nenhum de nós, até agora, sabíamos da existência’

O estilista John Galliano conseguiu, como há tempos não alcançava com o lançamento de suas coleções individuais, tornar-se assunto no mundo inteiro depois de xingar um casal com insultos antissemitas em Paris, na semana passada.

A bizarrice tornou-se ainda mais assombrosa depois que um vídeo em que Galliano diz amar Adolf Hitler veio à tona. As conseqüências até agora foram justas e trágicas para a história de uma das mais criativas e excêntricas personalidades da moda. Nesta terça-feira (01) a Maison Christian Dior, respeitada grife francesa da qual Galliano era o principal criador, anunciou o desligamento do estilista classificando o seu comportamento recente como “odioso”. O diretor-geral da Dior Couture, Sidney Toledano, citado no comunicado, “condena com a maior firmeza as declarações feitas por John Galliano em total contradição com os valores essenciais que sempre foram defendidos pela marca”. Além disso, Galliano vai responder na justiça às acusações.

O site de VEJA conversou com a consultora de moda Gloria Kalil sobre a notícia que tem causado frisson no mundo da moda.

A decisão da Maison Dior de romper o contrato que mantinha com John Galliano foi justa ou a empresa poderia ter se eximido de opinar sobre a vida privada do estilista? Se omitir nesse caso seria um desastre, conivência com um crime. A decisão foi justa e não poderia ter sido outra.

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Mas não é a primeira vez que grifes de moda francesa são acusadas de nutrir simpatias antissemitas. O próprio Christian Dior e depois Coco Chanel têm manchas na biografia por terem apoiado e vestido senhoras de proeminentes líderes nazistas no início dos anos 1930. O que não torna menos assombroso saber que um criador jovem, livre e que lida com centenas de pessoas do mundo inteiro pudesse nutrir tais pensamentos no mundo atual. Estamos falando de alguém com acesso a informação e alta cultura.

A que a senhora acha que se deveu o episódio? Eu acho que existe um buraco negro na cabeça do Galliano que nenhum de nós, até agora, sabíamos da existência. É muito difícil acreditar que alguém dedicado à arte e à criação pudesse nutrir sentimentos tão preconceituosos.

Algum palpite sobre o futuro do estilista? Nenhuma idéia. Mas imagino que vá ser um duro recomeçar.

Saiba mais

A carreira de John Galliano – Nascido em Gibraltar em 1960, desde 1996 John Galliano comandava o braço criativo da Dior (grupo LVMH), uma das maiores grifes de roupa do mundo. A partir de 1999, o estilista se tornou responsável também por todas as linhas femininas da Dior, além da divisão de artigos de couro e da imagem da marca. Ao mesmo tempo, desenhava as suas próprias coleções.

Galliano se formou na prestigiada Saint Martin’s School of Art de Londres, de onde saíram alguns dos estilistas mais vanguardistas do século XX, que ajudaram a elevar a capital inglesa ao panteão das capitais mundiais da moda. Filho de um bombeiro hidráulico inglês e de uma espanhola, Galliano é um dos estilistas mais inventivos de sua época, deslumbrando as passarelas parisienses a cada temporada com suas criações ousadas e desfiles que são verdadeiros espetáculos de extravagância.

John Galliano iniciou carreira desfilando na Semana de Moda londrina. Em 1987, venceu o prêmio de melhor estilista britânico do momento. Em 1993, decidiu mudar-se para Paris, onde vive até hoje. Dois anos mais tarde, foi contratado pelo presidente da prestigiosa LVMH, Bernard Arnault, como diretor de criação da Givenchy, outra das marcas de luxo mais disputadas do mundo.

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