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‘Midnight Special’ fracassa na tentativa de ser Steven Spielberg

Filme de Jeff Nichols fala de fé e paternidade ao mostrar a fuga de Roy e seu filho com poderes especiais

Por Mariane Morisawa, de Berlim
12 fev 2016, 21h44

A paranoia e a explosão de violência são temas comuns nos filmes de Jeff Nichols. Não é diferente em Midnight Special (“especial da meia-noite”, em tradução livre), exibido na competição do 66º Festival de Berlim. Só que, aqui, há uma dose de ficção científica para contar a história de Roy (Michael Shannon), pai de Alton (Jaeden Lieberher), um garoto de 8 anos com poderes extraordinários e, em princípio, incontroláveis. Ele usa óculos de natação para evitar que os raios saiam de seus olhos. Os dois estão em fuga. Roy era membro de um culto liderado por Calvin (Sam Shepard), que adota o menino à força e vê nele uma espécie de contato direto com o Todo-Poderoso. Em sua corrida pelo sul dos Estados Unidos, do Texas até a Flórida, o pai desesperado conta com a ajuda de seu amigo de infância Lucas (Joel Edgerton) e reencontra a mãe da criança, Sarah (Kirsten Dunst), que tinha sido expulsa do rancho onde fica a sede do culto.

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Calvin e seus discípulos são detidos pelo FBI, e Roy, Lucas, Sarah e Alton são perseguidos pela polícia e pelo governo. O agente da NSA Paul Sevier (Adam Driver) acredita que o garoto, capaz de decodificar mensagens criptografadas e tirar satélites da órbita, é uma ameaça à segurança nacional. Mas não demora muito para ele também se encantar com os poderes da criança.

Midnight Special é uma parábola sobre a paternidade e a fé. Roy não tem a mínima ideia do que se passa com seu filho, mas, sendo pai, sabe que precisa apoiá-lo naquilo que ele se propõe a fazer. Se Alton precisa chegar a determinado lugar, Roy vai levá-lo até lá. Suas tentativas de controlar os poderes do menino são malsucedidas, como costuma ser, mesmo com as crianças comuns.

Nichols tenta usar em Midnight Special o mesmo tom daqueles filmes deliciosos com elementos sobrenaturais, inexplicáveis, dos anos 1980, principalmente os dirigidos por Steven Spielberg, como E.T. – O Extraterrestre e Contatos Imediatos de Terceiro Grau. Mas ele não consegue. Por mais que a premissa seja interessante, ele se perde nos elementos de fantasia. Michael Shannon e Joel Edgerton estão muito bem, mas é uma pena não poder ver mais de Kirsten Dunst e Adam Driver, que roubam a cena quando aparecem.

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Inhebbek Hedi – Único representante da África na competição do Festival de Berlim deste ano, o tunisiano Mohamed Ben Attia exibiu seu longa-metragem de estreia na tarde da sexta-feira. Inhebbek Hedi, coproduzido pelos irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne, é um retrato em close de Hedi (Majd Mastoura, ótimo) – que significa calmo e sereno – e em panorama de todo um país.

Como tantos outros jovens tunisianos, Hedi está dividido entre a modernidade e a tradição. Sua mãe Baya (Sabah Bouzouita) e seu irmão mais velho Ahmed (Hakim Boumessaoudi) tomam a maior parte das decisões de sua vida, inclusive seu casamento com Khedija (Omnia Ben Ghali). Sem muitas perspectivas, o vendedor de concessionária refugia-se em seus desenhos, um segredo que guarda para si. Desestimulado, empurra o trabalho com a barriga, especialmente quando é enviado a um balneário para, em meio à crise, conseguir vender alguns carros. Lá, conhece Rim (Rym Ben Messaoud), uma mulher um pouco mais velha, animadora do hotel onde se hospeda, viajada. Em pouco tempo, estão apaixonados.

E, como toda a Tunísia, Hedi fica dividido entre o velho e o novo, animado com a possibilidade de sonhar com uma vida nova, mas talvez sem coragem ou capacidade de fazê-la acontecer. Inhebbek Hedi deixa escapar nas imagens e em alguns diálogos a crise econômica, religiosa e política em que a Tunísia está mergulhada, cinco anos após a derrubada do governo de Zine El Albidine Ben Ali na Primavera Árabe. Em 2015, dois ataques terroristas em locais turísticos abalaram a indústria do país. É uma boa estreia de Attia.

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