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‘Globo está em transformação, mas mantém a liderança’, diz Boni

Um dos homens-fortes da Globo por mais de trinta anos, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho fala sobre as realizações da emissora carioca, que completa 50 anos

Por Meire Kusumoto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 26 abr 2015, 16h54

É impossível falar da história da Globo, que em 26 de abril de 2015 completa 50 anos, sem mencionar a contribuição de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, para a estruturação da emissora carioca. Nascido em Osasco, Boni, hoje com 79 anos, foi para o Rio de Janeiro ainda adolescente para trabalhar com rádio. Foi na Rádio Clube do Brasil que o produtor conheceu Dias Gomes, que se tornaria um dos principais nomes por trás de novelas de sucesso da Globo como O Bem-Amado (1973). Depois de passar pela TV Rio, Tupi e Excelsior, Boni chegou ao canal carioca em 1967, convidado por Walter Clark, então diretor-geral da emissora. Juntos, os dois promoveram uma verdadeira faxina na casa, organizando a grade de programação aos moldes do que era feito na Excelsior, demitindo e contratando talentos.

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Ao site de VEJA, o produtor, hoje sócio da Rede Vanguarda, afiliada da Globo no interior paulista, fala de sua trajetória na emissora, do momento atual do canal, que perde audiência, e dá palpites sobre o futuro da televisão.

O material produzido pela Globo, principalmente as novelas, ajudou o brasileiro a “absorver” melhor o lugar em que ele vive? Não só nas novelas – como Gabriela (1975), Tieta (1989) e O Bem-Amado (1973) -, mas também em especiais como O Tempo e o Vento (1985), Grande Sertão: Veredas (1985), Morte e Vida Severina (1981), Memorial de Maria Moura (1994) e A Muralha (2000). A Globo percorreu o país em muitos textos adaptados e originais. Creio que descobrimos o Brasil para os brasileiros.

E criou um repertório cultural comum a todos os brasileiros? Sem dúvida criamos um repertório cultural, pois, além de regiões, mostramos épocas e costumes como em Bandeira 2 (1971), Escrava Isaura (1976), Ossos do Barão (1973), Anarquistas, Graças a Deus (1984), Roque Santeiro (1985), Engraçadinha… Seus Amores e Seus Pecados (1995), Agosto (1993), Anos Dourados (1986), Anos Rebeldes (1992) e centenas de outras produções brasileiras.

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Qual foi a influência da emissora sobre a sociedade atual? Não chegaria a esse exagero. Uma sociedade se forma através de séculos de história, com educação, saúde, projetos da própria sociedade e de governos. A televisão pode influir em modismos e comportamentos, nada mais. Acho que a Globo permitiu ao país a absorção rápida e simultânea da vida moderna e a integração imediata com o mundo.

A Globo ajudou a mudar a forma como eram feitas as grades de programação e as inserções publicitárias na TV? Fazer uma televisão moderna, eficiente comercialmente, com entretenimento de qualidade e, sobretudo, voltada para a informação – este era o meu objetivo, assim como o do Walter Clark e do Joe Wallach.

Como o senhor chegou ao modelo de grade de programação adotado ainda hoje pela Globo? Eu comecei em televisão quinze anos antes de entrar na Globo. Havia passado pela TV Rio, Telecentro da Tupi e pela Excelsior. A Globo é o resultado das experiências anteriores e do talento de uma grande equipe de profissionais.

Em que medida todas essas mudanças foram resultado da parceria entre a Globo e o grupo americano Time-Life? O Time-Life não deu certo em televisão nem nos Estados Unidos. A Globo só deslanchou quando se livrou deles. O saldo positivo foi que Joe Wallach ficou no Brasil e foi importantíssimo. Além de estruturar financeiramente a empresa, sua habilidade permitiu uma convivência pacífica entre o Dr. Roberto (Marinho) e os profissionais, e mesmo entre todos nós.

O senhor considera a dramaturgia da Globo realista? A dramaturgia da Globo aproxima-se o máximo possível da realidade, seja nas histórias, seja na forma de representar, o que promove uma forte identidade com o público. Mas ficção é uma coisa e realidade é outra.

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Durante o período que o senhor passou na Globo qual o pior e qual o melhor momento? O pior, sem dúvida, foi a censura pela ditadura militar no dia da estreia da novela Roque Santeiro. O melhor eu dividiria em dois momentos: a entrada no ar, em 1969, do Jornal Nacional, em rede, ao vivo, para todo o país; e a inauguração do Projac, um projeto liderado pelo Roberto Irineu que nos libertou do sufoco de produzir por quase 30 anos toda a programação da Globo praticamente no espaço restrito do Jardim Botânico.

A Globo vem perdendo audiência. Isso é apenas um reflexo do crescimento da internet ou a qualidade das produções tem deixado a desejar? É evidente que a Globo está em um período de transformação, mas mantendo a liderança por larga margem. A internet é uma plataforma de distribuição, e não uma concorrente. Bem usada, é uma aliada. A qualidade de produção melhorou muito graças a novos estúdios e novas tecnologias, mas é necessário descobrir novos talentos e novos formatos para produzir novos conteúdos.

Quanto a Globo ainda influencia, hoje, a sociedade e os outros canais? A Globo é soberana. Fez um trabalho brilhante nesses 50 anos, abrindo o mercado nacional para os artistas brasileiros e conquistando o mercado exterior para nossas produções.

É possível prever como será o futuro da emissora? O futuro pertence aos grandes produtores de conteúdo de qualidade. É exatamente o caso da Globo.

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