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Dory prova que é a melhor personagem da franquia ‘Nemo’

Na sequência de 'Procurando Nemo', que chega ao Brasil depois de quebrar recordes nos EUA, a peixinha esquecida de repente se lembra de que tem pais e resolve procurá-los com a ajuda dos peixes-palhaços. Até aí, déjà vu. Mas, atrapalhada que é, no caminho é ela quem se perde

Por Maria Carolina Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 30 jun 2016, 11h26

Peixes saem pelo mar em busca da família de um deles, que se perdeu, e enfrentam uma série de obstáculos pelo caminho. Tem cheiro de reprise? De fato, o enredo não é nada original. O que explica, então, que Procurando Dory, a sequência de Procurando Nemo (2003) que estreia nesta quinta-feira no Brasil, tenha quebrado recordes nos cinemas americanos nas últimas duas semanas? Um pouco de nostalgia, com certeza. Nemo foi um fenômeno, com quase 1 bilhão de dólares em bilheteria (exatos 936,7 milhões, segundo o site especializado Box Office Mojo), popularização do peixe-palhaço, espécie que passou a ser adotada por crianças em todo o mundo, e até brinde do Mc Lanche Feliz. A qualidade do trabalho da Pixar, que pôde brilhar ao reproduzir em animação toda a riqueza do fundo do mar, deu outra contribuição. Mas o mérito é também – e talvez principalmente – dela, Dory, que prova aqui ser a melhor personagem da franquia.

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É ela quem garante algum frescor aqui. Se há algo de diferente – e pode-se dizer melhor – neste filme é o fato de Dory conduzir a ação, com a sua incapacidade crônica de reter memória recente e o seu jeitão amável e destrambelhado. Atrapalhada que é, a peixinha sai à procura dos pais e acaba ela mesma se perdendo. E o roteiro é ágil em criar situações, uma atrás da outra, desse ponto em diante, divertindo e emocionando fãs antigos e adventícios. Se Procurando Dory tem uma estrutura muito similar à de Procurando Nemo, a boa notícia é que pode ser considerado um Procurando Nemo melhorado. No primeiro filme, boa parte das cenas é dominada pelo peixe-palhaço Marlin, o amargurado e chato pai de Nemo, e pelo peixinho do título, muito pequeno e fofo para ser um personagem atraente. O tempero da história cabe a Dory, que aqui tem chance de crescer e tomar o espaço que lhe cabe.

Para tanto, foi preciso dar a ela, vamos dizer, profundidade. A peixinha azul recupera um tiquinho da memória e com ela o seu passado, com o que ele tem de trágico e de triste – no que o longa também se aproxima de Nemo, iniciado com a morte da mãe e dos irmãos do protagonista. A história começa pouco depois do desfecho do primeiro episódio. Dory agora mora com Marlin e Nemo e acompanha o menino à escola todos os dias. É durante uma aula que, questionada sobre a sua família, Dory vai se lembrar de que, sim, ela também tem pai e mãe. A partir daí, acionadas por eventos diversos que funcionam como as madeleines de Proust – docinhos que quando comidos trazem à mente algo da vida do protagonista -, as lembranças da peixinha emergem em lampejos ao longo do filme e a conduzem na busca pelos pais e por ela mesma, pela peixinha que ela foi.

Lido assim, Procurando Dory pode parecer profundo como o mar, mas a Pixar sabe como ninguém tratar de assuntos difíceis com crianças. As piadas têm um nível igual ou melhor que as de Nemo. Acompanhada por Marlin e pelo filho, Dory cruza o oceano até a Califórnia, onde, ela afinal se lembra, vivia com os pais, azuis como ela. As cenas em que ela se recorda dos pais são mesmo bonitas. Dory, uma peixinha de olhos enormes, é treinada pelo pai e pela mãe para dizer que sofre de perda de memória recente e tentar voltar para casa, caso um dia se perca. Como já sabemos, isso não funcionou tão bem, mas os motivos e a maneira como ela se perde só são revelados aos poucos, à medida que fragmentos de memória ressurgem, entre uma agrura e outra enfrentada pela protagonista.

Dory se perde de Nemo e Marlin já ao chegar à Califórnia, quando, ao colocar a cabeça para fora da água, ouve a voz de… Marília Gabriela, como ela mesma. A cena, surreal, é uma das melhores da história. A jornalista e atriz é a voz padrão do Instituto de Vida Marinha, onde Dory morava com a família, até cair no oceano e se perder. Lá, ela reencontrará a amiga Destiny, com quem aprendeu a falar baleiês (sim, ela fala!), e fará um novo amigo, o polvo Hank, que tem grande presença graças à dublagem do humorista Antonio Tabet, do Porta dos Fundos.

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Procurando Dory não muda a maneira de fazer cinema para criança, mas dá à peixinha azul o lugar que ela merecia desde o primeiro filme da franquia. O de dona da história.

Em tempo: para os que querem saber, mal dá para imaginar que haja um casal gay no filme. A Disney ainda não embarcou nessa causa.

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