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‘Dólares de Areia’: filme com Geraldine Chaplin fala de fantasia e solidão

Longa encerrou a 38ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo na noite desta quarta-feira, com a presença da filha de Charlie Chaplin, que falou a VEJA

Por Simone Costa
30 out 2014, 07h56

Serviço: Dólares de Areia estreia nos cinemas em dezembro. Antes disso, ele está na repescagem da Mostra, que acontece entre esta quinta-feira e 5 de novembro no Cinesesc (rua Augusta, 2.075, Cerqueira César, tel: 0/xx/11 3087-0500) ************************* Veja o dia da sessão de Dólares de Areia e dos outros filmes acompanhados por VEJA.com: ******************************************** 31/10, às 20h30 – Leviatã *** 01/11, às 22h30 – Dólares de Areia **** 02/11, às 18h45 – A História da Eternidade ***** 02/11, às 21h10 – A Gangue 03/11, às 21h – As Bruxas de Zugarramurdi 04/11, às 19h – Viver É Fácil com os Olhos Fechados

Noelí (Yanet Mojica) se despede de um francês que vai retornar a seu país e pede a ele que lhe deixe algum dinheiro. Ele lhe dá uma corrente que estava usando e que, mais tarde, ela entrega ao namorado, Yeremi (Ricardo Ariel Toribio). Aquela rotina de encontrar turistas estrangeiros parece natural para Noelí, uma jovem em seus 20 anos. Foi assim que, três anos antes, ela conheceu Anne (Geraldine Chaplin), uma francesa rica e refinada que desembarcou naquela cidade na província de Samaná, na República Dominicana, e acabou ficando por ali. A relação entre Noelí e Anne, que deve ter mais que o triplo da idade da garota, é o tema central de Dólares de Areia (Dólares de Arena, República Dominicana, México, Argentina, 2014), filme que encerrou a 38ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo na noite desta quarta-feira com a presença da atriz anglo-americana Geraldine Chaplin, filha de Charlie Chaplin.

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Anne é realmente apaixonada por Noelí. Ela é encantada por sua pele, sua maneira de dançar e sua juventude — algo semelhante ao que sente o protagonista de Morte em Veneza, de Thomas Mann. Mas não esconde as dúvidas que tem em relação à garota. Anne quer saber quem é o rapaz com quem ela fala – o namorado, Yeremi, que ela diz ser seu irmão – e quem são os homens que ela cumprimenta nos bares quando estão juntas. Noelí lhe pede dinheiro com frequência, dizendo que precisa de recursos para alguma emergência familiar. Ainda que se vejam há três anos, elas não sabem muito uma da outra e, enquanto Anne se diverte, Noelí pensa em seu futuro na Europa, já que a francesa promete lhe levar quando voltar.

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Dólares de Areia, dirigido pela dominicana Laura Amelia Guzmán e o mexicano Israel Cárdenas, é uma adaptação do livro homônimo e de traços autobiográficos do francês Jean-Noël Pancrazi. No livro, a história se passa mesmo na República Dominicana, mas os diretores, responsáveis pela adaptação do roteiro, trocaram os dois homens por duas mulheres. O filme é enxuto, com apenas 80 minutos, e bastante sutil. Sua beleza está nos detalhes. Os diálogos são poucos e curtos. Yanet Mojica foi escolhida por acaso para interpretar Noelí. A produção a viu dançando em um bar em Samaná. Em sua performance, é possível vislumbrar um afastamento da direção, que deve ter preferido deixá-la soar o mais natural possível, como uma verdadeira garota nativa daquele lugar. Suas falas são incompletas, mas ela é expressiva, assim como Geraldine Chaplin também brilhantemente também o é. São seus olhares quem mais dizem sobre sua insegurança diante daquela garota que ela ama.

Aos 70 anos, Geraldine não teve medo de se despir e disse em entrevista a VEJA.com que as dificuldades para viver Anne foram as mesmas encontradas para encarnar qualquer personagem — exceto pelo medo que tinha de Yanet Mojica, uma estreante na atuação, sentir “asco” de fazer cenas fortes com uma “velha” como ela. As cenas com as duas na cama, no entanto, ou na praia são belas, nada vulgares. E à medida que o filme avança é como se os estereótipos fossem jogados por terra. Aquela relação não é tão simples quanto parece, mesmo que baseada no dinheiro. Anne tem dinheiro para comprar um pouco de fantasia, e sabe que Noelí também tem o que oferecer. É uma troca, ainda que desigual e que Anne sente que não tardará a cessar. Ao som de canções como La Causa de Mi Muerte, entoada por Ramón Cordero — um dos principais representantes da bachata, o ritmo dominicano – aquela parte do Caribe surge como um lugar paradisíaco, mas também melancólico porque ali estão várias pessoas como Anne, maduras e com dinheiro, mas solitárias, capazes de se agarrar a qualquer ilusão.

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