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Com De Niro e Anne Hathaway, ‘Um Senhor Estagiário’ é leve, mas tem drama

Dirigido e escrito por Nancy Meyers, de ‘Simplesmente Complicado’, longa conta a história de um estagiário de 70 anos de idade, cujo estilo de guru de livro de autoajuda e ancião-conselheiro pode incomodar por beirar a perfeição do ser humano

Por Daniel Dieb
25 set 2015, 09h58

Em seus filmes, a diretora e roteirista Nancy Meyers foca nas relações amorosas entre homens e mulheres, sejam eles jovens ou velhos, assim como fez em O Amor Não Tira Férias (2006), com Cameron Diaz e Jude Law, e em Simplesmente Complicado (2009), com Meryl Streep e Alec Baldwin. Ao explorar os vínculos dos personagens, Nancy quer extrair lições de vida para o público em filmes que escapam à pieguice e se mostram espirituosos. A fórmula se repete em Um Senhor Estagiário, filme estrelado por Robert De Niro e Anne Hathaway que está entrando em cartaz no país.

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De Niro dá vida ao aposentado e viúvo Ben Whittaker, de 70 anos, que trabalhava em uma gráfica de listas telefônicas e agora está cansado da rotina monótona que leva. Depois de viajar pelo mundo e fazer aulas de chinês, frequentar diariamente uma cafeteria e praticar tai chi chuan no parque, ele quer se sentir “útil”. Então, vê um anúncio da start-up de moda About the Fit, que procura por um estagiário “sênior” – ou idoso, como parte de um programa do governo que incentiva a contratação de mão-de-obra na terceira idade. Contratado, Whittaker é designado para trabalhar com a atarefada e atrapalhada Jules Ostin, interpretada por Anne Hathaway, a fundadora da empresa. De início, o relacionamento deles permanece distante, muito em conta da visão dela de que ele não se ajustaria ao seu ritmo, mas logo a barreira da idade é vencida e o vínculo chefe-empregado se altera.

Em seu primeiro dia como estagiário, Whittaker vê os colegas, mais novos, tirarem das bolsas gadgets como iPads, e-readers, iPods e, claro, smartphones, enquanto ele abre uma maleta dos anos 1970, de onde retira calculadora, bloco de notas, relógio de mesa e um celular que “só” faz ligação. Objetos que “cabem” dentro de qualquer smartphone hoje em dia. Esta é uma das brincadeiras que Nancy faz com as diferenças geracionais entre os personagens da trama, de forma um tanto quanto superficial, e por vezes nostálgica, como quando Jules aponta para Whittaker e diz que “não se fazem mais homens como ele”.

O elogio acontece no final do filme, quando a relação dos dois já está em boa forma. As coisas entre Jules e Whittaker começam a mudar quando ele se torna motorista dela. Entre uma viagem e outra, o estagiário ouve da chefe que nada do que for dito dentro do carro deve sair de lá. O acordo leva a uma cumplicidade entre eles, o que faz Whittaker se arriscar a dar conselhos para Jules, tal qual um sábio ancião, sobre como ela deve agir em certas situações. Uma questão, em especial, aflige a criadora da start-up: ela sofre pressão dos investidores da empresa e do marido para que contrate um CEO para gerir a companhia. Assim, ela poderia se dedicar mais à filha e ao marido, que largou o trabalho para se tornar um “dono de casa”. Whittaker diz que ela deve fazer o que a deixar feliz.

O personagem de De Niro é bom demais para ser verdade. Compreensivo, educado e gentil, ele foi concebido para ser perfeito, à prova de erros. Até mesmo na cena mais engraçada do filme, quando invade a casa da mãe de Jules – personagem que não aparece no longa – para apagar um e-mail enviado por engano pela empresária, que fala mal da mãe na mensagem, Whittaker mantém a calma apesar do alarme disparado e da aproximação da polícia. Depois, para comemorar, eles vão a um bar, e Jules exagera na bebida. Quem segura o cabelo dela enquanto ela bota para fora as tequilas? Whittaker. Prêmio Nobel para ele. Parece um personagem de um conto de fadas, um ponto baixo no roteiro de Nancy Meyers.

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Como bem pontuou o crítico Guy Lodge na revista americana Variety, o trabalho da diretora de arte Kristi Zea (Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme) endossa a leitura de que Nancy quis apresentar um mundo impecável. Os interiores são milimetricamente calculados, cada objeto está em seu devido lugar, em meio a cores predominantemente claras, como o branco das paredes do escritório About the Fit em contraste com os tijolos e as janelas largas. A disposição e a arquitetura interna da casa de Whittaker, inclusive, são elogiadas por Jules.

Um Senhor Estagiário é um filme leve, que proporciona boas risadas, mas nada que faça o espectador rolar de rir. A falta de contato com a realidade de Nancy pode incomodar, com toda a perfeição à la Disneylândia. Ainda assim, é bem divertido.

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