A Academia Sueca elegeu a bielorrussa Svetlana Alexievic vencedora do Prêmio Nobel de Literatura de 2015. Ela era a favorita nas casas de apostas inglesas. Svetlana é a 14ª mulher a ganhar o prêmio, que tem tido boa presença feminina nos últimos anos: a romena de origem germânica Herta Müller ganhou em 2009 e a canadense Alice Munro, em 2013. No Brasil, onde não há livros seus disponíveis, a escritora é praticamente uma desconhecida. Mas a situação deve mudar nos próximos meses: a conquista do Nobel, somada à realização da edição 2015 da Feira de Frankfurt, que acontece entre 14 e 18 de outubro na Alemanha, deve estimular e facilitar a negociação dos direitos de sua obra por editoras nacionais.
Leia também:
Bielorrussa liderava apostas para o Nobel de Literatura 2015
Patrick Modiano achou ‘estranho’ ganhar o Nobel
Sara Danius, secretária-permanente da Academia Sueca, justificou a escolha de Svetlana Alexievic lembrando que a sua obra é voltada para “os que sofrem”. Jornalista e escritora, Svetlana é autora de livros de forte densidade política — assim como Herta Müller, outra laureada recente na disputa. Seus títulos, de não-ficção, são voltados a investigar a vida no Leste Europeu antes e após o colapso da União Soviética.
Seu livro mais conhecido é Voices from Chernobyl (Vozes de Chernobyl, em tradução direta), escrito a partir de mais de 500 entrevistas com testemunhas da maior catástrofe nuclear da história, ocorrida em 1986 na Ucrânia, seu país natal. A bielorrussa vai receber 8 milhões de coroas suecas (cerca de 1 milhão de dólares ou 3,7 milhões de reais).
Svetlana Alexievic nasceu em 31 de maio de 1948 na cidade ucraniana de Ivano-Frankivsk, filha de pai bielorrusso e mãe ucraniana. Quando o pai completou o serviço militar, a família se mudou para Belarus, na Bielorrússia, onde ambos, pai e mãe, trabalharam como professores. Ao terminar os estudos, Svetlana também passou a lecionar, além de atuar como jornalista, atividade que exerce até hoje. A autora fez jornalismo na Universidade de Minsk, de 1967 a 1972.
Diplomada, Svetlana passou a atuar em jornais da região. Em paralelo, juntava material para o seu primeiro livro, U vojny ne ženskoe lico (War’s Unwomanly Face em inglês ou algo como O Rosto Nada Feminino da Guerra, em português), de 1985, mencionado pela secretária-permanente da Academia Sueca, Sara Danius, no anúncio desta quinta-feira. Segundo Sara, a obra, baseada em entrevistas com centenas de mulheres que participaram da Segunda Guerra Mundial, deixa o leitor cara a cara com cada personagem que retrata. Outro livro importante livro de Svetlana é Voices of Utopia (Vozes da Utopia, em tradução direta), em que a vida na antiga União Soviética é narrada do ponto de vista dos indivíduos que a compunham.
Texto elaborado pela Academia Sueca destaca o método de escrita da bielorrussa, “uma cuidadosa colagem de vozes humanas” que “aprofunda a nossa compreensão de toda uma época”. De acordo com a secretária-permanente da instituição, Sara Danius, Svetlana Alexievic recebeu com satisfação o Prêmio Nobel. “Fantástico!”, teria dito ela, ao saber que era a agraciada deste ano.