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‘Babilônia’ muda para estancar a fuga de espectadores

Para tirar a novela da UTI, a Globo alivia doses de mau-caratismo na trama — e baixa a bola das velhinhas lésbicas

Por Marcelo Marthe Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 10 abr 2015, 16h26

No feriadão da Páscoa, o elenco de Babilônia deu o sangue para purgar os pecados da atual novela das 9. Cenas da personagem Alice (Sophie Charlotte) tiveram de ser refeitas às pressas: ela seria uma garota de programa explorada pelo cafetão Murilo (Bruno Gagliasso), mas a trama sofreu uma guinada – agora, Alice se negará a vender o corpo. A mudança, já perceptível no ar, é um dos expedientes com os quais a Globo pretende salvar Babilônia (veja galeria de imagens). De início, a novela acenava com o embate irresistível entre as personagens sem escrúpulos de Adriana Esteves e Gloria Pires, que viveram vilãs memoráveis no passado. Mas a expectativa deu lugar a um clima de bode na sala. O Ibope de Babilônia não raro roçou os 20 pontos em São Paulo. Chegou a dar menos audiência que a novela das 7. Um vexame.

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A emissora acelerou as pesquisas para entender como a crise se instalou tão rápido. A sondagem com donas de casa apontou que mostrar de supetão o beijo das lésbicas idosas vividas por Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg foi o primeiro detonador da rejeição. Os autores Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga achavam que a tática desarmaria futuras celeumas. Deu-se o contrário. “O choque de ver duas damas sagradas se beijando foi brutal”, diz Linhares.

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A emissora embarcou no beijaço gay bem no momento em que sofria um ataque duplo. De um lado, a Record adoça a boca da audiência evangélica com a novela Os Dez Mandamentos (o apresentador de um telejornal regional da rede, aliás, tachou as duas atrizes de “velhas sem-vergonha”). De outro, o SBT propagandeia a opção “família” oferecida pela reprise da novelinha Carrossel. Não adianta muito protestar contra o conservadorismo: como provou Walcyr Carrasco com o beijo gay de Félix em Amor à Vida, o público poderá até aplaudir uma cena assim se o autor souber preparar o terreno.

Nem tudo é culpa do beijo. Falta leveza à novela. Para balancear a maldade de Carminha, Avenida Brasil dispunha do boa-praça Tufão. Na nova novela, o transbordamento de mau-caratismo e cafajestice confere ao conjunto um tom uniforme de cinza. Há maquinações demais e emoção de menos. “Irritadas com o noticiário sobre corrupção, as pessoas – sobretudo as da classe C – querem ver algo menos deprê”, diz um noveleiro. Até a fotografia cheia de sombras está mudando para não afugentar o público. “É bizarro: não dá para ver o rosto dos atores”, diz outro executivo da emissora. Espera-se que as mudanças surtam efeito até a oitava semana de exibição, prazo crítico a partir do qual a Globo costuma tomar medidas mais duras. Há até quem aposte que a novela possa ser encurtada. Não há flores nos jardins de Babilônia.

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