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‘Angry Birds’: o game que não precisava virar filme

Animação baseada em jogo simples que ganhou popularidade em 2009 causa estranheza com roteiro confuso e bipolar

Por Rafael Aloi
12 Maio 2016, 09h02

Em 2009, o joguinho Angry Birds ganhou imensa popularidade entre crianças e adultos, que passavam horas grudados em seus celulares e tablets, tentando matar porcos verdes ao atirar pássaros com um estilingue em estruturas. O conceito da brincadeira é muito simples. Não existe uma grande história de aventura ou um desafio para além da meta de assimilar conceitos da física, de velocidade e força, para conquistar o objetivo. Por isso, levar os passarinhos para o cinema pareceu ser uma tarefa estranha, ao mesmo tempo que também era repleta de possibilidades. Mas o resultado não cruzou a linha da estranheza.

Nesta quinta-feira, sete anos depois que o jogo deixou de ser febre, Angry Birds – O Filme chega ao cinema. A animação em 3D pretende explicar como a briga entre as duas espécies começou. Mas consegue apenas fazer uma grande bagunça bipolar. Elementos do jogo surgem na trama de maneira forçada, enquanto o roteiro peca pela dúvida entre agradar adultos ou crianças.

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O filme foca em Red (o pássaro vermelho, dublado no Brasil por Marcelo Adnet), que depois de uma briga é condenado a um tratamento para a raiva – pena máxima na ilha penosa, conhecida por ser pacífica, cordial, onde nenhuma ave discorda de outra. Na clínica, comandada por Matilda (a passarinha branca, Dani Calabresa), o protagonista conhece Chuck (o passarinho amarelo, Fábio Porchat), Bomba (o explosivo pássaro preto, Mauro Ramos), e o carrancudo Terence (que só emana grunhidos, no original, feitos pelo ator Sean Penn). Apesar do nome Angry Birds (que em português significa pássaros raivosos), nenhum dos personagens é realmente dominado pela raiva. Red é apenas impaciente, Chuck é hiperativo, e Bomba é ansioso.

A vida das aves muda por completo quando um barco comandado por um grande porco verde (Guilherme Briggs) chega à ilha. O suíno se apresenta como amigo dos locais e traz vários presentes. Apenas Red desconfia de suas verdadeiras intenções, mas é criticado por isso. Porém, logo o plano dos vilões – que é roubar os ovos – é revelado, e os passarinhos precisam se unir para resgatar seus filhotes.

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Como já é de praxe nas animações, há várias referências à cultura pop. Apesar da trama infantil, Angry Birds brinca com tópicos mais adultos, como Cinquenta Tons de Cinza, Magic Mike, O Iluminado, as cuecas da Calvin Klein, e até a dupla Daft Punk. Estas piadas pontuais, e outras brincando com a biologia dos animais – como quando uma ave regurgita a merenda na lancheira dos seus filhos – até arrancam risadas da plateia mais adulta. Apesar de boas, contudo, as referências se perdem para o público mais jovem. Assim, o longa não alcança aquela boa sutileza de agradar diferentes faixas etárias.

A produção caminha com certa segurança até metade, mas se perde de vez quando decide inserir os elementos do jogo, com os pássaros sendo atirados por um estilingue em direção ao reino dos porcos, que consiste em vários pedaços de madeira, pedra e vidro empilhados. Nesse momento, os poderes de cada animal também são exibidos, como o da professora Matilda, que bota ovos explosivos, ou o tucano-bumerangue.

Perdido entre ser para adultos ou crianças, entre ser um filme ou um jogo, Angry Birds é também prejudicado pelo atraso. O jogo não é mais tão popular quanto já foi. Lançar uma animação no cinema agora é apenas uma escolha comercial que deve impulsionar a venda de produtos licenciados. Até sua mensagem pricipal, de tolerância e de como as diferenças fortalecem um grupo, chega atrasada. Recentemente, Zootopia (2016) e Divertida Mente (2015) fizeram isso com primor. O game era simples e divertido, mas seu filme não honra tal legado.

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