Ancine limitará ocupação das salas de cinema
Projeto regulatório tomará como base a medida adotada na França, onde um mesmo filme pode ocupar apenas 30% das salas de cada complexo
A Agência Nacional do Cinema (Ancine), em uma decisão em conjunto com uma câmara técnica formada por profissionais da indústria cinematográfica brasileira, optou por limitar a ocupação das salas de cinema por um mesmo filme, com a criação de um limite por estabelecimento que começa a valer em janeiro de 2015. O projeto regulatório tomará como base a medida adotada na França, na qual foi estabelecido que uma mesma produção poderá ocupar no máximo 30% das salas de cada complexo. A porcentagem no Brasil não foi decidida, mas deve ficar próxima da adotada nos cinemas franceses.
Após a última reunião da agência com a câmara técnica, no Rio de Janeiro, nesta quarta-feira, as partes chegaram a um acordo, mas o compromisso só será assinado na próxima semana. Os encontros, realizados mensalmente, buscavam soluções autorreguladoras para deficiências mercadológicas encontradas pela Ancine.
A medida chega justamente um mês depois do lançamento de Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1, que ocupou cerca de 1.300 salas de cinema do país – praticamente metade das cerca de 2.800 existentes no Brasil, segundo a Ancine. O grande blockbuster da semana, O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos, vai ocupar 1.037 salas a partir desta quinta-feira.
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A notícia reguladora publicada pela Ancine já indicava o caminho de um limite de ocupação em cada estabelecimento com salas de cinema (como shoppings centers, por exemplo). A proposta da agência, juntamente com a câmara técnica, é encontrar uma forma de evitar que determinado filme em cartaz em um mesmo local restrinja as opções para o público, algo que, segundo o texto, “tende a prejudicar a atividade de exibição como um todo e constituir padronização e simplificação indesejáveis na fruição de bens culturais”.
A prática de distribuição em massa é atualmente facilitada por conta do processo de digitalização e ampliação das salas de cinema prometidos pelo Ministério da Cultura e a Ancine desde dezembro do ano passado, com o investimento de 310 milhões de reais. Atualmente, cerca de 60% das salas do país já são digitais. Até o primeiro semestre do ano que vem, a digitalização deve chegar à totalidade dos cinemas no Brasil.
A proposta não prevê limitar o número de cópias de determinada produção, mas sim ampliar a capilaridade dos lançamentos, levando-os a locais do país que não costumam receber os blockbusters. A medida também pretende garantir a diversidade de produções nas salas brasileiras.
(Com Estadão Conteúdo)