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Universidades públicas paulistas podem adotar cota de 50%

Informação é do reitor em exercício da Unesp, Julio Cezar Durigan. Projeto prevê preparação acadêmica e bolsa para os cotistas

Por Da Redação
26 nov 2012, 11h02

As três universidades públicas paulistas, USP, Unesp e Unicamp, fecharam na última quinta-feira proposta que será apresentada nesta semana ao governador Geraldo Alckmin para adoção de um programa de cotas que destinará 50% das vagas a alunos que cursaram integralmente o ensino médio em escolas públicas. O objetivo é igualar o percentual estabelecido pelo governo Dilma Rousseff para as universidades federais na lei de cotas. A informação foi revelada pelo reitor em exercício da Unesp, Julio Cezar Durigan, membro do Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo (Cruesp), que vinha discutindo o plano desde o início de outubro. Naquela data, o governador pediu a formulação da política estadual sobre o assunto. A assessoria de imprensa da USP não confirmou a informação. A Unicamp, em nota, resumiu-se a dizer que uma comissão criada recentemente pelo Cruesp discute uma proposta preliminar sobre inclusão social.

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A proposta estadual, assim como a lei federal, leva em conta critérios econômicos e raciais de inclusão. Parte das vagas reservadas seria para estudantes com renda familiar igual ou inferior a 1,5 salário mínimo por pessoa; outra parte ficaria com pretos, pardos e índios.

“A proposta para o programa de cotas já foi escrita e vai ser apresentada nesta semana ao governador. Estamos fazendo o mesmo que o governo federal, mas com mais qualidade”, afirmou Durigan. Atualmente reitor em exercício, ele já foi nomeado para assumir formalmente a reitoria pelos próximos quatro anos, a partir de janeiro. Segundo Durigan, o documento será entregue ao governador por Luiz Carlos Quadrelli, secretário em exercício de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia de São Paulo, pasta à qual as universidades estão ligadas.

Durigan afirma ainda que o projeto se basearia em dois pilares: qualidade, por meio de reforço no aprendizado, e permanência, por meio da concessão de bolsas de cerca de um salário mínimo. “Temos de dar duas condições para eles: um reforço de aprendizado, porque eles vêm com deficiência na sua formação, e uma garantia de bolsa para que eles permaneçam no curso, pois não adianta nós incluirmos esse aluno e ele não conseguir ficar porque a família dele não tem condições”, diz Durigan.

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O reforço poderia ser dado de duas formas. Uma delas seria um curso preparatório anterior à entrada na universidade, de um ou dois anos, para o aperfeiçoamento em matérias que já são dadas no ensino médio, mas que já valeria como um curso de nível superior – como os “colleges” do modelo americano. A outra proposta é dar um reforço paralelo após a entrada na universidade, nas disciplinas em que o aluno tiver tirado nota baixa no vestibular. A estimativa do plano é que 40% dos selecionados pelas cotas farão o curso preparatório anterior e 60% irão para a universidade diretamente após o vestibular, com a possibilidade de reforço paralelo. “O curso preparatório anterior à universidade seria como um college e daria um diploma de nível superior a esses alunos, um diploma intermediário. E depois eles estariam aptos a entrar na universidade ou poderiam entrar no mercado de trabalho”, explicou Durigan.

Sobre o diploma que o estudante obteria após a conclusão do college, Durigan afirmou que ele permitirá prestar concurso público com nível superior. Ele defende que é melhor fazer esse curso do que um cursinho pré-vestibular. “O que nós queremos é levar esse aluno para cima. Os alunos que entram nos vestibulares mais concorridos já ficam dois ou três anos no cursinho. Os alunos que vão fazer o reforço antes da universidade não vão fazer um cursinho, mas um curso voltado ao trabalho. Apostamos nesse college prévio porque o indivíduo sai com formação. Se quiser, pode ganhar dinheiro, prestar concurso público. Se ele quiser progredir mais, tem a oportunidade de fazer um curso como medicina, engenharia, escolhendo dentro do número de cotas disponíveis, dependendo do seu rendimento, sem precisar fazer uma nova prova.”

A seleção dos cotistas que iriam para o curso anterior à universidade poderia se dar pelo desempenho que tiverem na rede pública, pela nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ou pelo Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp), algo que será definido pelo governador.

As aulas do college seriam semipresenciais. As avaliações seriam presenciais, mas a maioria do curso seria a distância, pelo sistema da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp). Entre as disciplinas adiantadas por Durigan estariam matemática, física, química, português e redação, filosofia, inglês e, possivelmente, iniciação à pesquisa.

“É uma mudança de paradigma. Queremos incluir gente que normalmente não entra pelo vestibular. Nós queremos prestigiar o aluno da escola pública e dar qualidade para que ele se mantenha no curso, entre em igualdade de condições e pela porta da frente. É a inclusão que nós queremos”, afirmou Durigan.

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O presidente da ONG Educafro, frei David Santos, disse que está em contato com o diretor da Univesp, Carlos Vogt, sobre o assunto e que aprova a ideia do modelo de college, assim como a cota de 50% e a bolsa para cotistas. “Caso a proposta venha a se concretizar, o governador e os três reitores estão saindo da meritocracia injusta e adotando a meritocracia justa”, afirmou.

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(Com Estadão Conteúdo)

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