Medicina da USP pretende restringir álcool, não festas
Em reunião com o Ministério Público, que investiga estupros na faculdade, presidente de comissão disse que 'proibir festas não é o caminho'
Após duas horas de depoimento no Ministério Público Estadual (MPE), o atual presidente da comissão de direitos humanos da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Milton Martins, afirmou que a faculdade não pretende proibir festas no campus indefinidamente. O professor Milton Martins reuniu-se na tarde desta quarta-feira com à promotora de Justiça dos Direitos Humanos Paula de Figueiredo Silva, que abriu inquérito para investigar oito casos de estupro ocorridos na faculdade desde 2011.
“A proibição de festas só aliviaria a responsabilidade da diretoria, mas não resolveria o problema do consumo de álcool entre os jovens”, disse o professor Martins na saída do Ministério Público. Ele citou como exemplo a Escola Politécnica da USP, que proibiu a realização de festas dentro da faculdade após a morte de um estudante em setembro deste ano. “Não queremos seguir por esse caminho”, resumiu.
Leia também:
Ministério Público Estadual convoca comissão da USP sobre estupros
USP prevê déficit de 983 milhões de reais em 2015
Na terça-feira, a FMUSP anunciou a proibição de festas no campus até o dia 26 de novembro. Martins ressaltou uqe a suspensão é apenas temporária, enquanto a comissão define regras para a realização de futuros eventos. Dentre as medidas previstas estão a proibição de festas open bar e a venda de bebidas com alto teor alcoólico, como os destilados, além da oferta de alimentação e bebidas não-alcoólicas em todos os eventos.
Outras propostas devem ser discutidas nos próximos dias pela comissão, como oferecer suporte a vítimas de abuso e violência e definir mecanismos de segurança das dependências da FMUSP. “A sindicância para afastar ou punir cabe à diretoria. O papel da comissão é abrir o diálogo para receber denúncias de violação dos direitos humanos”, disse Martins. A comissão deve estabelecer 2015 como o Ano dos Direitos Humanos na Faculdade de Medicina da USP. A ideia é promover eventos e debates sobre abuso sexual, homofobia, racismo e trotes violentos.
O professor Milton Martins assumiu a presidência da comissão de direitos humanos da Faculdade de Medicina da USP após a saída do professor Paulo Saldiva, que anunciou o desligamento depois que os relatos de abuso vieram a público. Na ocasião, Saldiva criticou a postura da faculdade diante das denúncias de violência no campus.