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Fuvest não será mais a única porta de entrada na USP

A partir de 2016, universidade deverá adotar outros sistemas de seleção de alunos — até o Enem poderá ser usado

Por Bianca Bibiano
5 jun 2014, 18h50

O vestibular da Fuvest deixará de ser o único mecanismo de ingresso na Universidade de São Paulo (USP) a partir de 2016, de acordo com Antonio Carlos Hernandes, pró-reitor de graduação da instituição. Segundo o professor, o debate sobre métodos alternativos de seleção de alunos acontece desde 2005, mas nunca havia sido levado adiante. “Nós precisamos mudar a USP e decidimos encarar esse debate para efetivar as mudanças nos próximos anos”, disse Hernandes em entrevista a jornalistas nesta quinta-feira.

Os mecanismos alternativos ainda não foram definidos e deverão ser alvo de debate nos próximos meses. Em agosto, a universidade vai presidir um simpósio para avaliar experiências realizadas em outras instituições de ensino superior. “Não descartamos usar o Enem, nem aderir ao modelo de cotas. Porém, cada unidade poderá apresentar suas preferências para serem analisadas pelo Conselho de Graduação”, diz Hernandes – a informação havia sido adiantada a VEJA.com em janeiro pelo reitor Marco Antono Zago. Hernandes disse ainda que a Fuvest coexistirá com outros métodos de seleção que forem escolhidos pelo órgão. O objetivo é defini-los até novembro para que sejam postos em prática nos próximos dois anos.

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O mecanismo que recebe a maior defesa do pró-reitor é a seleção de jovens talentos no ensino médio. “As Olimpíadas estudantis, como a de matemática e de física, são ideais para selecionarmos jovens com vocação para essas carreiras. São bons estudantes que acabam não entrando na USP por diferentes razões, seja porque não passam na Fuvest, ou até porque são recrutados por universidades estrangeiras, que já usam esse mecanismo.” Se o sistema de seleção de talentos entrar em vigor, Hernandes cogita colocar “olheiros” para descobrir jovens estudantes que se destaquem numa determinada área. A preferência será para alunos das escolas públicas. “Não descatamos selecionar jovens nas escolas privadas, mas queremos que a maioria venha do sistema público.”

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Para ampliar a presença de estudantes oriundos dessa rede de ensino, a USP já decidiu modificar o sistema de bonificação no vestibular deste ano. Até 2013, estudantes de escolas públicas poderiam receber bonificação de 5% a 20% sobre a nota obtida no vestibular, variando de acordo com o número de acertos. Para a Fuvest 2015, a bonificação será única, sem a variação decorrente da nota. “Se o participante acertar a partir de 27 questões, que corresponde a 30% da prova, já receberá o bônus”, explica Hernandes. A única variação será decorrente do tempo que o estudante passou na escola pública. Pelo novo sistema, quem fez só o ensino médio na rede pode ganhar 12% de bônus. O valor sobe para 15% se o aluno tiver cursado só o ensino fundamental e para 20% se fez toda a educação básica em escolas públicas. A bonificação ainda pode ser acrescida de 5% se o estudante se autodeclarar preto, pardo ou índio.

Atualmente, a parcela de estudantes da USP provenientes de escolas públicas é de 32,3%. Com a nova medida, o objetivo é subir essa taxa para 37% no próximo ano. Segundo as regras do Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Público Paulista (Pimesp), as três universidades estaduais (USP, Unesp e Unicamp) deverão ter pelo menos 50% de seus estudantes oriundos de escolas públicas até 2016. A USP está abaixo da expectativa do programa, que era ter uma parcela de 40% já neste ano. A taxa varia consideravelmente nas unidades de ensino. Na Faculdade de Medicina, que oferece três cursos de graduação, a porcentagem é de 30,6%. Na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), sobe para 37,6%. O índice cai para 18,9% no curso de direito do Largo São Francisco e para 15% no direito de Ribeirão Preto.

As mudanças são anunciadas em um momento em que a USP enfrenta uma séria crise financeira, que causou o congelamento de salários e a greve de funcionários e professores, que começou no fim de maio e não tem previsão para terminar. “Não podemos parar todas as atividades e projetos de mudança porque a USP enfrenta uma crise conjuntural”, diz o pró-reitor, que “descarta completamente” a ideia de cobrar mensalidade na instituição. “A USP é pública e gratuita e assim continuará. Estamos ampliando os mecanismos de ingresso exatamente para garantir que mais alunos da rede pública entrem na universidade”.

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Hernandes prevê ainda o aumento nos gastos com bolsas de permanência para que mais universitários de baixa renda consigam se manter na USP. Em 2013, o valor gasto com esse tipo de benefício foi de 33 milhões de reais. “Ao longo dos debates que vão ocorrer esse ano, vamos colocar a questão em pauta, mas não podemos deixar que o impasse financeiro inviabilize mudanças.”

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