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Investidores lamentam e a esquerda comemora a escolha de Barbosa

Por Da Redação
19 dez 2015, 08h13

A escolha do ministro, Nelson Barbosa, para assumir o lugar de Joaquim Levy no Ministério da Fazenda foi inicialmente recebida com reservas e decepção por economistas nos Estados Unidos. Um dos temores é que haja um relaxamento na política fiscal, o que desagradaria ainda mais as agências de classificação de risco e os investidores estrangeiros.

Os economistas da consultoria de risco político Eurasia, com sede em Washington, Christopher Garman e João Augusto de Castro Neves, esperavam que a substituição de Levy fosse feita com alguém que já pertencesse à equipe de governo, mas avaliam que nomes como o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, ou o ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro, seriam vistos pelo mercado financeiro como mais comprometidos com o ajuste fiscal.

Em Wall Street, um dos indicativos de que a escolha de Barbosa não agradou os investidores é a queda dos papéis ligados ao Brasil, como o maior fundo de índice de ativos do país, o iShares MSCI Brazil, conhecido pela sigla EWZ e com patrimônio de US$ 1,8 bilhão, recuava 4% no início da noite desta sexta-feira. Outro fundo, com menor patrimônio, de US$ 42 milhões, o Direxion Daily Brazil Bull Shares tinha perda de 12%.

Relaxamento – “Barbosa vai ser interpretado como uma decisão do governo de relaxar a política fiscal”, afirmam os dois analistas da Eurasia em uma nota. O ministro já trabalhou no governo de Luiz Inácio Lula da Silva e é mais próximo do PT que Levy. Inicialmente, a consultoria esperava que Levy fosse deixar o governo após a votação do processo de impeachment na Câmara.

Para os economistas do banco de investimento Brown Brothers Harriman, com sede em Nova York, o nome de Barbosa é um “mau desenvolvimento” para a política econômica brasileira, pois pode indicar uma guinada à esquerda na economia.

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Lula e o PT – Se os investidores externos se frustraram, o PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enxergam no novo ministro a possibilidade de “mudanças” na política econômica do governo – o que pode ser interpretado como retrocesso às práticas populistas e perdulárias que cavaram o poço da crise no primeiro mandato de Dilma Rousseff.

“Minha expectativa é de que, sob a orientação da presidente Dilma, ele sinalize para a população e para o empresariado medidas para a retomada do crescimento econômico com inclusão social, geração de empregos e sustentabilidade, investimentos em infraestrutura e inflação sob controle”, disse o presidente nacional do PT, Rui Falcão.

Já o presidente do diretório estadual do partido em São Paulo, Emidio de Souza, lembrou que embora Barbosa seja mais alinhado ao PT do que o antecessor, Joaquim Levy, vai enfrentar dificuldades pelo estado de deterioração da economia nacional. “Não tem milagre na crise econômica brasileira, mas ele encarna uma ideia de economia que representa melhor o que o PT pensa”, avalia o dirigente.

No Instituto Lula, a escolha foi bem vista. Embora tenha avalizado o nome de Levy, Lula vinha pedindo mudanças no rumo da economia desde agosto, principalmente por motivos políticos. Lula avalia que a forma como o ajuste fiscal foi executado afastou Dilma da base que a elegeu em 2014.

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Segundo interlocutores do ex-presidente, há anos Lula prepara o novo ministro para o cargo. Depois de deixar o governo, em 2010, Lula levou o economista para o Instituto Lula, estimulou Barbosa a se reaproximar da comunidade acadêmica e carregava o colaborador em encontros com grandes empresários e representantes do mercado financeiro. Tudo com o objetivo de tirar de Barbosa o “ranço sindical” – ele foi assessor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) – e torná-lo mais palatável ao andar de cima.

Ainda segundo interlocutores de Lula, foi o ex-presidente quem aconselhou Barbosa a manter a discrição e não entrar em disputas públicas.

A nomeação foi saudada ontem no Instituto Lula. “É uma ótima pessoa. Tem experiência em administração pública, sabe da responsabilidade de colocar o País em equilíbrio fiscal, mas tem sensibilidade para fazer a política de desenvolvimento e geração de empregos”, disse Paulo Okamotto, presidente do instituto.

O nome de Barbosa também agradou, com ressalvas, aos movimentos sociais que foram às ruas na quarta-feira para protestar contra o impeachment. “Preferia o Marcio Pochmann (Unicamp), mas o Nelson Barbosa tem todas as condições de tirar o Brasil dessa armadilha”, disse Raimundo Bonfim, da Central de Movimentos Populares.

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(Com Estadão Conteúdo)

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