Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Uma nova vida na velhice

Envelhecimento da população mundial impõe desafios – e também oportunidades – à indústria da saúde

Por Joseph Jimenez
28 jan 2015, 04h07

Muitos de nós já viram seus pais ou avós envelhecerem e perderem sua independência. Em 2012, mais de 2,4 milhões de americanos com mais de 65 anos foram tratados em salas de emergência apenas por lesões causadas por quedas. Com as populações de todo o mundo envelhecendo rapidamente, a escala de desafios como este está crescendo exponencialmente, afetando não apenas sistemas de saúde, mas também economias, políticas governamentais e, é claro, famílias.

A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que, até a metade deste século, o número de pessoas com mais de 60 anos irá dobrar, e o número de pessoas com mais de 65 anos irá ultrapassar – pela primeira vez na história – o número de crianças com menos de cinco anos. A explicação para esta tendência demográfica é simples: os índices mundiais de fertilidade caíram de cinco filhos por mulher, em média, entre 1950 e 1955, para 2,5 filhos por mulher entre 2010 e 2015.

Os idosos não devem ser vistos simplesmente como um fardo econômico, é claro. Na verdade, podem ter um papel positivo como consumidores ativos – um potencial que muitas indústrias já reconheceram e começaram a explorar. De acordo com o Bank of America Merrill Lynch, pessoas com mais de 50 anos são responsáveis por quase 60% dos gastos de consumo nos Estados Unidos.

Mas isso não minimiza o desafio aparentemente insolúvel por trás disso: um número cada vez menor de contribuintes para sustentar um número cada vez maior de aposentados. Este desequilíbrio já levou alguns governantes a aumentarem a idade mínima para a aposentadoria e mudarem suas políticas de pensão para adiar ou reduzir benefícios e manter as pessoas na força de trabalho.

Para manter as pessoas trabalhando por mais tempo, é crucial mantê-las saudáveis. É por isso que a indústria da saúde deve desempenhar um papel importante, esforçando-se para lidar com os desafios do envelhecimento da população. A velhice deve ser vista não apenas como uma etapa inevitável da vida, mas como uma oportunidade para os sistemas de saúde e as empresas do ramo ajudarem as pessoas a prosperar.

Continua após a publicidade

Leia mais:

Noruega é o melhor país para se viver na velhice; Brasil é o 58º

Exercitar-se garante mobilidade na velhice

Governo muda lei para fechar contas da Previdência Social

Continua após a publicidade

Para este fim, as empresas do ramo da saúde devem mudar o foco dos seus esforços de pesquisa e desenvolvimento na direção de condições comuns entre pacientes mais velhos, incluindo doenças crônicas como diabetes, doenças cardíacas, glaucoma, artrite reumatoide e câncer. Esses esforços também são vitais para encontrar maneiras de deter mais efetivamente a deterioração da produtividade e independência das pessoas, preservando a sua força física, capacidade mental e sentidos como visão e audição. Isto é importante não apenas para os próprios pacientes idosos, mas também para as suas famílias e cuidadores.

Uma área particularmente promissora é a medicina regenerativa, que tem muitas aplicações potenciais – incluindo a prevenção ou reversão da perda de audição. Atualmente, um terço da população com idade entre 65 e 70 anos (e a metade dela com mais de 75) experimenta uma perda de audição significativa, frequentemente causada por danos ou perda de células capilares do ouvido, que captam e transformam as ondas sonoras em sinais que são registrados no cérebro.

Para tratar este problema, a minha empresa, Novartis, está testando um composto chamado CGF166, que busca determinadas células saudáveis no ouvido para “ligar” um gene específico que estimula o desenvolvimento de células capilares. Já entramos na fase de testes clínicos da nossa pesquisa, durante a qual vamos avaliar a tolerabilidade e eficácia do CGF166 em pacientes em tratamento com uma severa perda de audição.

Mas estes tratamentos não serão significativos se não forem oferecidos a preços razoáveis ou acessíveis para o cidadão comum. E a atual conjuntura, com o fardo do aumento dos custos da assistência médica recaindo sobre os próprios pacientes, não é encorajadora. Para reverter esta tendência, a indústria da saúde deve trabalhar ao lado de todas as partes interessadas para dar suporte à sustentabilidade financeira dos sistemas de saúde, de modo que eles possam lidar melhor com a crescente demanda por cuidados médicos.

Continua após a publicidade

Leia também:

Excesso ou falta de sono prejudica a memória de idosas

Dieta do Mediterrâneo é benéfica à memória de idosos

Dormir pouco – ou muito – eleva risco de doença cardíaca, obesidade e diabetes

Continua após a publicidade

O sucesso vai exigir estratégias inovadoras para melhorar a evolução dos pacientes de um modo financeiramente sustentável. Por exemplo, a indústria da saúde poderia trabalhar ao lado dos governos para oferecer serviços de melhoria da saúde – tais como monitoramento remoto de pacientes, aplicativos relacionados à saúde, e ferramentas de engajamento dos pacientes – além de medicamentos. Garantir a disponibilidade de profissionais de saúde treinados ou terapeutas para responder as dúvidas dos pacientes a respeito de seu tratamento ou assuntos relacionados, como planos de saúde, também poderia ajudar.

Por sua vez, os pagantes – tanto os governos quanto as operadoras de planos de saúde privadas – deveriam criar um mecanismo para premiar companhias de saúde baseado nos benefícios reais de seus produtos e serviços. Além do pagamento anual por paciente, a empresa de saúde poderia receber um bônus ou multa, dependendo dos resultados alcançados.

Atender as necessidades das populações que estão envelhecendo é o maior desafio das empresas de saúde e dos pagantes. Um modelo de sucesso irá reduzir os custos da assistência médica, aumentar a expectativa de vida e melhorar a qualidade de vida dos idosos. E, oferecendo um entendimento maior do processo de envelhecimento, também pode guiar-nos na direção de tratamentos e curas para outras doenças – incluindo aquelas que afetam os jovens.

Garantir que cada pessoa tenha a vida mais saudável possível, pelo período mais longo possível, é do interesse de todos. É por isso que faz sentido agora focar nos mais velhos.

Continua após a publicidade

Joseph Jimenez é CEO da Novartis.

© Project Syndicate, 2015

(Tradução: Roseli Honório)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.