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Trajetória de alta dos juros continuará, diz ata do Copom

A diretoria do Banco Central mostra-se, contudo, dividida em sua avaliação dos riscos da inflação e do ritmo de alta que deve ser imposto à Selic

Por Da Redação
28 abr 2011, 09h43

A trajetória de alta da taxa básica de juros (Selic) terá de ser suficientemente prolongada. A avaliação faz parte da ata, divulgada nesta quinta-feira, referente à última reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), realizada no último dia 20. Naquela ocasião, a Selic foi elevada em 0,25 ponto porcentual para 12% ao ano – aquém das expectativas do mercado. Segundo a ata, a avaliação de que os juros terão de continuar a subir foi unânime entre os sete diretores do BC que compõem o Copom devido às elevadas incertezas quanto ao grau de persistência das pressões inflacionárias e da complexidade do ambiente internacional.

Divisão – A diretoria, no entanto, não obteve consenso quanto à sua avaliação dos riscos futuros e o ritmo de alta que deve ser imposto à Selic. Uma parte acredita que o BC já fez um ‘substancial’ esforço antiinflacionário nos últimos quatro meses e que é natural haver certa defasagem no impacto desta política sobre a atividade. Daí, terem concordado com uma alta mais modesta da Selic na última reunião. Outra parcela mostrou-se insatisfeita com a decisão de reduzir a magnitude das elevações da taxa básica de juros. Para eles, era necessário ter continuado com os acréscimos de 0,5 ponto porcentual que foram decididos nas primeiras reuniões, de modo a evitar que as recentes pressões inflacionárias contaminem os preços futuros.

Ficou evidente, é verdade, um BC menos confiante no arrefecimento da inflação que o verificado em oportunidades anteriores, como, por exemplo, na divulgação do Relatório de Inflação. “Embora as incertezas que cercam o cenário global e, em menor escala, o doméstico, não permitam identificar com clareza o grau de perenidade de pressões inflacionárias recentes, o Comitê avalia que o cenário prospectivo para a inflação não evoluiu favoravelmente”, considerou o Copom.

Meta difícil – A ata destacou os riscos para a convergência da inflação à meta – que é de 4,5% com margem de tolerância de dois pontos porcentuais para cima ou para baixo. “O Copom reconhece um ambiente econômico em que prevalece nível de incerteza acima do usual, e identifica riscos à concretização de um cenário em que a inflação convirja tempestivamente para o valor central da meta”, informou o documento.

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No documento, o Banco Central reafirmou sua obrigação de assegurar essa convergência, o que significa não descuidar para que o IPCA fique muito tempo fora do objetivo que o governo quer atingir. Os analistas acreditam que, em 2011, este objetivo não será alcançado, pois a inflação em doze meses até março já está em 6,3%, muito perto do índice máximo aceitável. Assim, o BC se esforça hoje para que, ao menos, a meta de 2012 seja cumprida.

BC destacou também que, desde a última reunião do Copom, fatores de estímulo no mercado internacional e seus reflexos sobre preços de ativos apontam baixa probabilidade de reversão do processo de recuperação em que se encontram as economias do G-3 (grupo das três maiores economias do mundo). “Em outra perspectiva, ainda revelam influência ambígua do cenário internacional sobre o comportamento da inflação doméstica.”

Combinação de medidas – O BC ratificou ainda na ata sua convicção de que cabe à política monetária um papel central no combate à inflação. “Embora reconheça que outras ações de política macroeconômica podem influenciar a trajetória dos preços, o Copom reafirma sua visão de que cabe especificamente à política monetária manter-se especialmente vigilante para garantir que pressões detectadas em horizontes mais curtos não se propaguem para horizontes mais longos”, destacou o documento.

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A declaração é bem-vinda, pois muitos analistas desconfiavam que o BC teria delegado às chamadas medidas macroprudenciais – como a elevação do recolhimento compulsório dos bancos e o aumento do imposto sobre operações financeiras (IOF) no crédito pessoal – um papel preponderante no controle da alta dos preços. O problema é que não se sabe o quão efetivo é o reflexo deste tipo de medida em desacelerar a inflação e, em política monetária, não se recomenda trabalhar com crenças.

De qualquer maneira, a diretoria colegiada salientou a confiança de que a combinação destas resoluções e, principalmente, ações convencionais de política monetária (aumento de juros), adotadas nos últimos meses, ainda terão seus efeitos incorporados à dinâmica dos preços.

Efeitos da inflação – A ata do Copom, mais uma vez, ressaltou os efeitos danosos da inflação para a economia e para a vida das pessoas. Segundo o BC, inflação alta é sinônimo de uma percepção de risco maior por parte do investidor, tanto para o financiamento privado quanto para o público, e de dificuldade no planejamento tanto das famílias quanto das empresas. A autoridade monetária destacou ainda que a elevação de preços atinge em cheio o bolso das pessoas e piora a distribuição de renda.

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O documento refutou, por fim, a tese de que alguma inflação é aceitável para não comprometer a performance da economia. “Taxas de inflação elevadas não trazem qualquer resultado duradouro em termos de crescimento da economia e do emprego, mas, em contrapartida, trazem prejuízos permanentes para essas variáveis no médio e no longo prazo”. Ao que parece, o BC também refuta por completa a tese de que a inflação no país não está mal, como postulou recentemente o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

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