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“The Independent” revela realidade global: o fim do jornal impresso

Diários intensificam migração para a internet, mas, com a crescente demanda por informação, a substituição do papel não é o fim do jornalismo - ao contrário

Por Da Redação
6 abr 2016, 08h30

O fim da edição impressa do The Independent, o primeiro jornal britânico a ser publicado apenas em versão digital, revela uma tendência global: a extinção do jornal em papel. Sob a manchete “Stop press 1896-2016” (“Parem as máquinas”) e com 30 anos de existência, o The Independent levou às bancas sua derradeira edição impressa no último dia 26 de março, com o argumento de que deve se adaptar ao novo jornalismo e às exigências dos leitores.

Dessa tendência não escapam os mais importantes jornais do mundo, que sabem que essa hora chegará, apesar da resistência em dar o passo definitivo rumo ao mundo digital. É o caso do El País, o jornal mais global em língua espanhola e cujo diretor, Antonio Cano, anunciou em março a iminente transformação do veículo, que irá completar 40 anos. “Em breve chegará o momento da conversão do El País em um jornal essencialmente digital (…). Assumimos o compromisso de continuar publicando uma edição impressa da maior qualidade durante o tempo que for possível”, disse em uma carta à redação.

A maior parte dos jornais está se dedicando ao desenvolvimento do jornalismo digital com o desafio de conseguir modelos de negócios mais rentáveis. No The Washington Post, por exemplo, engenheiros e repórteres trabalham lado a lado na criação de “experiências digitais”, diz o editor-executivo Martin Baron.Há também as opções de se cobrar pelo conteúdo colocado na rede, que ficaram famosas especialmente depois da adoção do chamado paywall pelo The New York Times e pelo The Wall Street Journal, dois dos principais jornais dos Estados Unidos.

Outras iniciativas seguiram essa tendência, como a plataforma holandesa Blender, recentemente lançada nos EUA, na qual os usuários pagam por reportagem e ainda têm a garantia de receber o dinheiro de volta caso não gostem do que leram. Os próprios The New York Times e The Wall Street Journal já fazem parte dos conteúdos ofertados pelo programa, que também conta com os artigos do The Washington Post e da Newsweek, entre outros.

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Fim do papel, não do jornalismo – O fim do papel, porém, não significa que o apetite por consumir notícias diminuiu. Pelo contrário. Mais empresas estão entrando no mercado da comunicação, especialmente as grandes companhias de tecnologia. Google News, Apple News e Instant Articles do Facebook são algumas das apostas que prometem mexer com o setor.

Nessa ânsia de sobreviver à inovação, o também britânico The Times deixará de publicar notícias em tempo real e atualizará seu site apenas duas ou três vezes por dia. O diretor do jornal, John Witherow, prometeu, ao anunciar a mudança, “artigos confiáveis e profundos” para “dar sentido ao grande fluxo de notícias”.

Uma consequência e um paradoxo da revolução digital são os cortes dos postos de trabalho nas redações. Sem um modelo de negócios estabelecido na internet, os jornais têm perdido arrecadação e, apesar dos índices recordes de audiência, acabam demitindo cada vez mais profissionais.

Na França, o jornal de centro-esquerda Libération anunciou, há dois anos, que demitiria 93 de seus 250 jornalistas. O La Tribune, impresso diariamente, passou a ter apenas uma edição semanal e depois migrou para a internet. O Le Monde, um dos mais tradicionais, segue firme no papel, mas faz apostas claras no digital.

No entanto, novos veículos nasceram nos últimos anos na França. São os casos do liberal L’Opinion e do sucesso digital da Mediapart, uma aposta no jornalismo investigativo, formada por 35 profissionais, financiada por assinantes e sem publicidade.

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No caso da Alemanha, nenhum dos grandes jornais deixou o papel, mas houve fechamentos e demissões. A versão do Financial Times do país morreu em 2012, o histórico e esquerdista Frankfurter Rundschau foi “engolido” pelo Frankfurter Allgemeine e a revista Der Spiegel, uma das mais tradicionais, cortou 20% dos jornalistas.

Um caso parecido ocorre em Portugal, onde vários jornais convivem com dívidas enormes. Um caso crítico é do prestigiado Diário Econômico, que abandonou a versão impressa no dia 18 de março e agora só é veiculado na internet.

A Itália vive uma situação diferente porque, em parte, o governo do país tem apoiado os veículos. O mesmo ocorre na Rússia, apesar da queda de 28% no número de leitores.

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(Com EFE)

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