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Térmicas poderão acarretar alta de até 5% na conta de luz, diz Anace

Segundo o presidente da Associação Nacional dos Consumidores de Energia, os custos repassados ao consumidor serão bem maiores do que diz o governo

Por Naiara Infante Bertão
10 jan 2013, 12h25

O presidente da Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace), Carlos Faria, disse ao site de VEJA que o repasse ao consumidor da conta adicional para o ligamento das térmicas pode ser de até 5%, segundo cálculos da própria associação. A projeção se baseia no fato de que o Brasil já está no período chuvoso e os níveis dos reservatórios continuam caindo, mesmo com as térmicas ligadas.

“Se de outubro a janeiro já gastamos 2 bilhões de reais com as térmicas e a cada mês são 500 milhões de reais a mais que o consumidor tem de pagar, se ficarmos com elas o ano todo ligadas, já que dificilmente conseguiríamos enfrentar o período seco sem elas, podemos chegar a um aumento de 5% na conta de luz”, afirmou Faria.

O aumento da conta não seria brusca porque cada distribuidora só irá repassar para o consumidor o aumento de gastos que teve com o ligamento das térmicas quando fizer seu reajuste anual, data que varia de empresa para empresa.

A projeção da Anace é superior à que o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, deu na noite de terça-feira. Ele afirmou que o aumento seria de 1%, enquanto o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) citou altas de 2% a 3% ao ano. Para essa estimativa, o governo acredita que as chuvas virão em janeiro, o que o próprio ONS, em seu boletim deste mês, não se mostra tão otimista: o índice ENA (Energia Natural Afluente), que mede a expectativa de chuvas a caírem nas cabeceiras dos reservatórios, com base na média histórica, mostra que é esperado para o Sudeste, em janeiro, um nível de chuvas equivalente a 72% da média histórica, que seria 100%; para o Nordeste, o ENA está em 31%; para o Norte, 57%; e para o Sul, 127%. Apesar do volume de chuvas nas cabeceiras no sul ser significativo, a região responde por apenas 7% da capacidade de armazenamento total do país – o Sudeste é o principal, respondendo por 70%.

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“O consumidor será penalizado certamente. Em fevereiro teremos o desconto prometido pela presidente, mas o consumidor terá sim de pagar pela geração térmicas. As distribuidoras vão repassar”, disse o presidente da Anace. Para Faria, o risco de racionamento para este ano está descartado porque as térmicas deverão dar conta da demanda. Mas, para 2014, se a hidrologia continuar abaixo da média e as usinas que forem planejadas acabarem não saindo do papel, Faria acredita que há grandes chances de racionamento de energia.

“O governo precisa ser transparente com o consumidor, precisa contar o que está acontecendo”, afirmou. “O governo erra quando não diz para o consumidor que não podemos gastar mais. É da natureza do ser humano querer usar mais energia se sabe que a conta vai baixar. Temos de usar com consciência para evitar o racionamento”, acrescentou o presidente. Segundo Faria, será preciso que a indústria seja alertada também sobre o risco do consumo exacerbado, para que já comece a reprogramar suas carteiras de pedidos e entregas.

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Faria lembra ainda o Brasil mudou sua política de armazenamento de água, com os reservatórios das usinas ficando cada vez menores, a fio d’água, ou, em alguns casos, até inexistentes. Ele explica que os impedimentos ambientais para a construção de reservatórios caixa d’água, que armazenam muito mais água das chuvas do que os a fio d’água, levaram o Brasil a diminuir sua capacidade de armazenamento a, no máximo, quatro meses. Há dez anos ela era de até 12 meses sem necessidade de chuvas. “O governo precisa convocar a sociedade para discutir se queremos preservar nossa vocação de matriz renovável, com hidrelétricas e, a partir disso, repensar os reservatórios”, ressalta.

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