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Sob o olhar de Dilma, Graça Foster assume a Petrobras

Presidente, governadores e executivos comparecem ao Rio de Janeiro para assistir à posse da executiva no comando da estatal

Por Ana Clara Costa, do Rio de Janeiro
13 fev 2012, 16h16

Sob os olhos dos mais proeminentes governantes da República, a executiva Graça Foster assumiu na tarde desta segunda-feira a presidência da maior empresa brasileira. Ex-diretora de Gás e Energia da Petrobras, Graça está na empresa há mais de trinta anos e foi indicada por Dilma para tomar o lugar de José Sergio Gabrielli, que seguirá carreira política sob o apadrinhamento do governador baiano Jacques Wagner. “Graça assumirá conhecendo a empresa nos mínimos detalhes. Ela já jogou em várias posições aqui dentro. É uma craque. Pena que é do Botafogo”, tentou brincar Gabrielli, durante seu discurso de inacreditáveis cinquenta e duas páginas.

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O nome de Graça foi aprovado em reunião do conselho de administração da Petrobras em 9 de fevereiro. Com ela, foram nomeados José Miranda Formigli Filho para a diretoria de Exploração e Produção e José Alcides Santoro Martins para a diretoria de Gás e Energia, substituindo Graça. Ambos são funcionários de carreira com, respectivamente, 28 anos e 32 anos de companhia. A posse da nova diretoria ocorrerá nesta terça-feira em cerimônia interna na sede da Petrobras, no Rio de Janeiro. Almir Barbassa, o diretor financeiro que titubeava no cargo, ficará na empresa.

“Eu não percebi o tempo passar. Petrobras e eu crescemos juntas, temos praticamente a mesma idade”, afirmou Graça em seu discurso de posse, ao relembrar seu primeiro dia de trabalho na estatal, em 1978, quando era estagiária. Dentro do que era esperado, a executiva afirmou que dará continuidade à gestão anterior. “Temos um plano de negócios de 2012 a 2015 com metas claras. Sabemos para onde vamos e como queremos chegar lá”, disse a nova presidente.

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Desafios – Graça assume o comando da companhia em um momento delicado. Não bastasse a conjuntura internacional desfavorável, com previsão de desaceleração econômica – e recessão em alguns casos – para boa parte dos países, a empresa acaba de divulgar resultados decepcionantes para seus acionistas. O lucro da petrolífera teve queda de 52% no quarto trimestre de 2011 e fechou o ano em 33,31 bilhões de reais, valor 5,3% inferior ao de 2010. Além disso, tanto a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) quanto a Agência Internacional de Energia (AIE) revisaram para baixo as estimativas de demanda para a commodity em 2012.

No mercado, são escassos os elogios ao desempenho da companhia no período que sucedeu sua bilionária capitalização, em 2010. Atrasos em projetos têm sido recorrentes e foram uma das principais razões dos resultados ruins de 2011. Gabrielli chegou até mesmo a culpar os fornecedores da estatal por atrasos na entrega de suprimentos para a indústria de exploração, justificando assim a queda nos lucros.

Conteúdo nacional – Foi o próprio economista baiano, contudo, quem pilotou – a mando da presidente Dilma – a operação que originou parte importante desses atrasos. Trata-se da política de conteúdo nacional obrigatório nas compras da Petrobras, em um momento em que a indústria naval brasileira não está apta a abastecer a demanda gigantesca da companhia. Política que será seguida por Graça, segundo a própria afirmou nesta segunda-feira.

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Graça assume a empresa com um voto de confiança do mercado. Durante os mais de trinta anos que passou na Petrobras (e subsidiárias), a executiva dirigiu diversas áreas e ficou conhecida pelo pulso firme, obsessão por cortes de custos e uma certa truculência no trato com subordinados. Apesar da personalidade menos maleável que seu antecessor Gabrielli, sua capacidade técnica, de acordo com fontes que a amam ou a odeiam, é incontestável. “Sinto orgulho de ser a primeira mulher no mundo a comandar uma empresa de petróleo desse porte. É um grande desafio. Um desafio maior que o somatório de todos os desafios que enfrentei até hoje. Sinto-me preparada”, disse Graça, ao final de seu discurso.

Já seus dotes políticos – necessários para qualquer dirigente de uma empresa do porte da Petrobras – são, no mínimo, tímidos. Segundo pessoas próximas à executiva, Graça odeia conversas de bastidores e fofocas do Planalto. No entanto, ainda que não tenha desenvolvido esse tipo de traquejo, ela não precisará articular apoio com raposas de Brasília. Dilma, sua a amiga e presidente, deve poupá-la disso.

“Eu conheço bem a capacidade de trabalho, a competência e a seriedade com que a Graça se dedica não só a essa empresa, mas a tudo o que faz em sua vida profissional. Ela é nomeada presidente por absoluto merecimento após mais de trinta anos de trabalho incansável na empresa”, afirmou a presidente da República, ao encerrar a cerimônia de posse no Rio de Janeiro. A amizade entre ambas fez com que Dilma até mesmo arriscasse uma brincadeira: “Agora é tudo contigo, graciosa!”

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