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Setor agrícola prospera — mesmo com fim do boom das commodities

Perspectivas para produção de grãos no país são positivas mesmo com a tendência de queda dos preços no mercado internacional

Por Marília Carrera
18 jan 2014, 15h34

Desde a o fim da crise financeira, a indústria titubeia e o crescimento da economia brasileira tem sido impulsionado pelo setor agrícola. Nos três primeiros trimestres de 2013, a agricultura foi responsável por 23% da riqueza gerada no país. Nos últimos dois anos, o fim do ciclo das commodities (período de alta demanda e pouca oferta de grãos) fez com que o setor perdesse a exuberância de outros tempos – mas isso não significa que deixou de crescer. Ao contrário: as exportações do agronegócio avançaram mais de 4% em 2013, a 100 bilhões de dólares – quase o dobro do crescimento econômico previsto para o período. Segundo especialistas consultados pelo site de VEJA, apesar de o boom das commodities ter se arrefecido, o motor do avanço ainda permanece no campo, onde o Brasil é produtivo e competitivo.

Após um forte desempenho do agronegócio brasileiro em 2013, em que a safra de grãos do país atingiu o resultado recorde de 188,2 milhões de toneladas, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as projeções para o setor este ano continuam otimistas, embora a expectativa seja de queda dos preços dos principais produtos agrícolas, como soja e milho.

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Perspectivas – Segundo estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), órgão ligado ao Ministério da Agricultura, a produção de grãos deve bater um novo recorde em 2014, com cerca de 196 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 5,2% em relação à safra do ano anterior. A commodity líder em produção continuará sendo a soja, com aproximadamente 90 milhões de toneladas, um aumento de pouco mais de 10% ante os 81 milhões de toneladas produzidos em 2013.

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O sócio-diretor da Agroconsult e coordenador do Rally da Safra, André Pessoa, explica que a perspectiva de crescimento da produção de soja este ano deve-se ao clima favorável nas principais regiões produtoras do país e às tecnologias cada vez mais avançadas aplicadas no campo. “O clima está de bom para ótimo na maioria das regiões produtoras. Além disso, a tecnologia empregada a partir da compra de fertilizantes e agroquímicos e da renovação da frota agrícola tem sido outro fator positivo”, afirma Pessoa. “A chance de atingirmos uma produtividade por hectares superior à safra anterior é muito grande, o que nos levaria a um novo recorde de produção”, acrescenta.

Dados da Conab mostram que o total da área plantada para o cultivo de grão deve chegar a 55,39 milhões de hectares em 2014, que corresponde a uma alta de 4% em relação aos 53,26 milhões de hectares de área plantada da última safra. De acordo com os números da entidade, a expansão este ano deve ser impulsionada pela soja, com cerca de 29,55 milhões de hectares de área plantada, após encerrar 2013 com pouco mais de 27,73 milhões de hectares.

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Preços – Apesar das projeções promissoras, a tendência é de que haja uma desaceleração dos preços das commodities no mercado internacional, sobretudo da soja, devido à recuperação dos estoques internacionais do grão, após um grave período de estiagem que comprometeu a produção agrícola norte-americana em 2012. “Com a safra normalizada nos Estados Unidos, a oferta de commodities no mercado será maior e, consequentemente, os preços devem sofrer uma pressão para baixo”, disse o superintendente comercial de agronegócio do banco Santander, Walmir Segatto. O analista, no entanto, ressalta que, embora tendência seja de queda, o preço da soja ainda deve permanecer vantajoso para o produtor, sustentado pela demanda da China, principal parceiro comercial do Brasil.

O diretor-geral do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone), André Nassar, explica que as reformas de infraestrutura na China contribuem para o aumento da demanda por soja no país, o que ajuda a conter a queda do preço do grão no mercado. Segundo ele, a melhoria da qualidade de vida da população chinesa impulsiona o consumo de alimentos, que, muitas vezes, são produzidos a partir do grão brasileiro. “A urbanização é um importante processo estrutural. Quando o chinês está no meio rural, ele compra comida local. Mas, quando migra para a cidade, a situação se torna diferente. Ele vai até o supermercado, onde os produtos pertencem às cadeias internacionais de produção de alimento, e o consumo de soja brasileira será maior”, ressalta.

Gargalo logístico – Com a estabilização dos preços e o aumento da oferta de commodities no mercado internacional, os custos de produção sangram cada vez mais o bolso agricultor brasileiro – sendo a logística o principal problema. A má qualidade das estradas e a carência de investimentos no setor acarretam uma elevada despesa com transportes para o produtor, o que prejudica a concorrência no mercado externo. “Na safra deste ano, os custos de produção já estão acima do recorde de custo da safra de 2008. Com os preços internacionais parando de subir e os custos de produção permanecendo em patamares muito elevados, podemos entrar novamente num ciclo de menor rentabilidade em 2015, deixando a temporada de lucro para trás”, destaca Pessoa, da Agroconsult.

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Para o presidente da Sociedade Rural Brasileira, Cesário Ramalho da Silva, a burocracia é um dos principais obstáculos para que sejam realizados investimentos em logística no Brasil. De acordo com ele, o país necessita da construção de novas estradas e da modernização das vias já existentes e dos armazéns para estocagem da produção. “Nosso sistema de logística é inadequado. Desde que o Brasil dobrou sua produção, não se fez praticamente nenhum investimento em logística no país. Não temos entradas, sistemas de transporte e armazenagem modernos, o que gera um custo extraordinariamente exagerado para o produtor”, afirma.

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