Sem leilão do BC, dólar sobe a R$ 2,32 pela primeira vez em 4 anos
O dólar fechou com alta de 0,62%, atingindo maior nível no fechamento para a moeda desde 30 de março de 2009, quando ficou em 2,332 reais
O dólar avançou ante o real pelo terceiro dia seguido nesta quarta-feira, fechando no patamar 2,32 reais pela primeira vez em mais de quatro anos, sem atuação do Banco Central, cuja tolerância ao fortalecimento da divisa norte-americana foi testada praticamente durante todo o pregão pelo mercado.
O dólar fechou com alta de 0,62%, para 2,3250 reais na venda, maior nível no fechamento para a moeda desde 30 de março de 2009, quando ficou em 2,332 reais. Só nesta semana, o dólar já acumula ganhos de 2,24% ante o real.
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O volume de negócios foi mais uma vez reduzido, ficando ligeiramente acima de 1 bilhão de dólares, segundo dados da BM&FBovespa. “O mercado está testando para saber se o Banco Central abandonou o barco e vai deixar o dólar subir mais”, afirmou o operador de câmbio de um banco estrangeiro.
A expectativa de intervenção do BC era generalizada, mas com os investidores sem direção. Isso porque a última atuação da autoridade monetária, na sexta-feira, ocorreu enquanto o dólar recuava forte ante o real, levando boa parte do mercado a acreditar que o BC buscava derrubar com mais força ainda as cotações da divisa para evitar pressões inflacionárias. “A situação está meio maluca”, disse o operador de câmbio da B&T Corretora Marcos Trabbold, ressaltando que o BC pode ter se resguardado por avaliar que os movimentos dessa sessão tiveram origem especulativa. “Mas mesmo não atuando hoje, talvez ele (BC) entre nos mercados amanhã”.
Já o gerente de análise da XP Investimentos, Caio Sasaki, acredita que o BC voltará a atuar nos mercados quando a divisa tocar o patamar de 2,33 reais. “Acredito que o próximo teto está em 2,33 reais. E, acima disso, o mercado vai buscar um valor redondo, como 2,35 reais”, afirmou ele.
Na abertura das negociações desta quarta-feira, o dólar operou em queda, chegando na mínima do dia a 2,3045 reais. Apesar do recuo, os operadores já citavam que a tendência para o dia era de valorização. “Depois da alta de ontem, é natural que devolva um pouco na abertura, mas a tendência ainda é de alta”, afirmou o especialista em câmbio da Icap, Ítalo dos Santos.
O viés de alta da moeda deve-se ao apetite de investidores pelo dólar em um momento em que existe a possibilidade de o Federal Reserve, o banco central dos EUA, começar a reduzir o ritmo de seu programa de estímulo monetário já no próximo mês e, assim, limitar a liquidez nos mercados financeiros.
(Com Reuters)