Sem atuação do BC, dólar sobe à maior cotação em 4 anos
Moeda americana fechou em alta de 0,82%, cotada a 2,1541 reais - maior valor desde abril de 2009
Em um dia de ajustes após a frustração com a ausência de novas medidas cambiais por parte do governo, os investidores voltaram a comprar dólares nesta quarta-feira. Com direito a uma corrida no fim dos negócios, a moeda norte-americana fechou em alta de 0,82%, a 2,1541 reais, depois de alcançar a máxima de 2,1570 reais (0,94%), na última hora dos negócios.
Segundo operadores, a puxada à tarde reflete um movimento do mercado para testar a disposição do Banco Central (BC) em agir para conter a valorização da divisa norte-americana. No pregão anterior, a autoridade monetária atuou no câmbio por meio de dois leilões de swap cambial (equivalente à venda de dólares no mercado futuro), quando a moeda norte-americana chegou ao patamar de 2,16 reais. O mesmo ocorreu na segunda-feira, quando o BC também agiu para conter o avanço da moeda.
Apesar de a expectativa de novas medidas para limitar a alta do dólar não ter saído do radar, houve nesta sessão um “ajuste à expectativa que não se concretizou ontem”, nas palavras de um operador, referindo-se ao encontro do ministro da Fazenda, Guido Mantega, com a presidente Dilma Rousseff. A reunião havia sido cercada de especulações de que o governo anunciaria alguma medida relacionada ao imposto sobre operações financeiras (IOF) incidente em operações cambiais. Em reação, o dólar recuou na terça-feira. “Não saiu nada da reunião, então os investidores voltaram a comprar dólares hoje”, disse outro profissional da área de câmbio.
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Além disso, o fato de o dólar em relação ao real ficar descolado de outras moedas com forte relação com commodities chamou a atenção dos operadores. Isso foi visto como um motivo adicional para a autoridade monetária agir – o que não ocorreu. “O real está entrando em um nível perigoso, o que se soma ao fato de a nossa moeda estar bem descolada. O mercado sabe que o BC está olhando para isso e pode atuar”, avaliou operador de um grande banco à tarde.
Outro profissional acredita que o BC pode até lançar mão de um leilão de venda à vista, se for necessário. “O ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem comentado em entrevistas que o Brasil tem fortes reservas para conter a alta do dólar, o que pode ser visto como uma disposição para o governo lançar mão de um leilão de dólar spot (venda à vista)”, destacou.
Estados Unidos – A oscilação da moeda americana é reflexo das incertezas sobre a mudança de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). A autoridade monetária cogita reduzir seu programa de recompra de títulos públicos e tal movimento poderá minar a liquidez no mercado financeiro global. Diante de tal cenário, o real e grande parte das divisas estrangeiras têm perdido valor ante a moeda americana.
(Com Estadão Conteúdo)