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Saída de Berlusconi não dissipa temor sobre economia italiana

Juros de bônus italianos rompem barreira de 7% e Europa reconhece não ter plano para resgatar Roma

Por Ana Clara Costa
9 nov 2011, 18h58

O anúncio feito na terça-feira pelo primeiro-ministro Silvio Berlusconi, de que renunciará quando as reformas fiscais pedidas pela União Europeia forem aprovadas, não foi suficiente para amenizar a desconfiança dos investidores em relação à economia italiana. Nesta quarta, os juros pagos aos detentores de títulos da dívida italiana subiram a 7,5% ao ano, ultrapassando em muito o teto de 5%, que costumava ser praticado quatro meses atrás. Isso significa que os investidores estão querendo retornos muito maiores em troca de assumir o risco da compra de um papel italiano.

Quando Grécia, Irlanda e Portugal viram suas taxas de retorno subirem ao patamar de 7%, invariavelmente tiveram que pedir ajuda à União Europeia, pois não havia a menor garantia que conseguiriam honrar seus pagamentos. No caso da Itália, cujo endividamento chega a 120% do Produto Interno Bruto (PIB), número considerado baixo se comparado ao das outras nações periféricas, o cenário ainda não é tão catastrófico. Roma tem usado o argumento do baixo endividamento para convencer o mercado de que não precisa de ajuda. E Berlusconi foi um dos mais fervorosos defensores desse discurso.

O problema é que, com o aumento substancial dos juros dos títulos, não será tão fácil para o governo italiano convencer investidores privados a comprarem seus papeis. Sem conseguir captar recursos, o país corre o risco de não honrar seus compromissos com a dívida no ano que vem. A Itália precisa pagar mais de 300 bilhões de euros em títulos que vencerão ao longo de 2012, além de cobrir os 25 bilhões de euros de gastos públicos. As perspectivas, portanto, não são as melhores. “Há muitas razões para acreditar que a trajetória de juros da dívida italiana irá subir ainda mais”, afirma o economista do banco RBS, Alberto Gallo.

Se a Itália não conseguir captar e honrar o pagamento de sua dívida, analistas preveem nada menos que o caos. A Europa já afirmou inúmeras vezes que não terá fundos para cobrir um hipotético calote italiano – e, neste caso, todo o sistema financeiro europeu estaria comprometido, ocasionando uma crise bancária mundial. Nesta quarta-feira, representantes da zona do euro reiteraram não possuir qualquer plano para resgatar a economia italiana, em caso de colapso.

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O mercado tinha a esperança de que a saída de Berlusconi abriria espaço para a entrada de governantes técnicos, que conseguiriam aprovar as reformas necessárias para que o país consiga reequilibrar suas contas. No entanto, as incertezas sobre sua sucessão minaram qualquer otimismo. “O problema é que, mesmo com a saída de Berlusconi, ainda não há a menor chance de saber quem irá substituí-lo, e se essa pessoa conseguirá fazer uma coalizão coerente sem depender dos partidos políticos italianos”, afirma o economista Charles Jenkins, da Economist Intelligence Unit (EIU).

Segundo a agência Reuters, a falta de confiança em uma recuperação é tão latente na Europa, que membros franceses e alemães da União Europeia estavam reunidos na tarde desta quarta-feira desenhando um novo formato de bloco. Nele, estariam incluídos menos países – mas que tivessem a estrutura fiscal semelhante, além da padronização de impostos.

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