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Reajuste de 4,6% na conta de luz pode impactar inflação

Caso o repasse chegue ao consumidor, o IPCA de 2014 será até 0,13 ponto porcentual mais elevado

Por Da Redação
12 fev 2014, 13h46

O impacto de um possível reajuste médio de 4,6% nas tarifas de energia elétrica, neste ano, no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) pode aproximar ainda mais a inflação oficial do teto do regime de metas (6,5%). Caso o repasse chegue ao consumidor, o IPCA de 2014 seria até 0,13 ponto porcentual mais elevado. O aumento teria como objetivo bancar gastos 5,6 bilhões de reais acima que os previstos para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundo que arca com a redução das contas de luz, entre outros pagamentos.

Com um eventual aumento de 4,6% na energia, a expectativa dos analistas é de que o item energia elétrica dentro do IPCA atinja uma alta de até 7,5%. Este item tem peso de 2,7% no índice oficial de inflação. A taxa de 7,5% está alinhada à previsão do Banco Central, conforme a última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), de janeiro, quando a taxa de juros subiu de 10% para 10,50% ao ano.

Os economistas consultados ponderam que a transferência, se acontecer, pode não ser integral ou até mesmo nem atingir o bolso do consumidor. A expectativa é de que o Tesouro Nacional possa dar ajuda extra às distribuidoras de energia, além dos 9 bilhões de reais previstos no Orçamento para a CDE, como afirmou recentemente o ministro da Fazenda, Guido Mantega. “Daremos cobertura para esses problemas, de modo que isso não passe para a tarifa do consumidor final”, disse.

A despeito de muitos acreditarem que o repasse das despesas das distribuidoras possa nem chegar ao varejo, alertam que a ausência de chuvas no país pode elevar ainda mais os custos do setor energético. O banco Besi Brasil projeta um IPCA de 6% no fechamento de 2014 e, com o aumento do preço da energia ao consumidor, o IPCA chegaria a 6,13%.

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A Votorantim Corretora calcula um aumento de 0,12 ponto porcentual no IPCA deste ano, caso a conta de luz ao consumidor suba 4,6%. O economista-sênior da instituição, Guilherme Maia, ressalta que o repasse pode ficar ainda maior, dada a situação atual desfavorável em virtude da ausência de chuvas no País. “Se a seca continuar, além do déficit de 5,6 bilhões, poderíamos ter mais uns 15 bilhões de reais”, afirmou.

Por enquanto, a corretora mantém a projeção de alta de 6% no IPCA de 2014 e de 5,2% para o item energia elétrica, pois acredita que o Tesouro Nacional poderá arcar com o rombo, o que aumentaria a pressão sobre a parte fiscal. Se o aumento chegar ao varejo, a estimativa para o índice oficial de inflação passaria para até 6,2% este ano, conforme a Votorantim. “Se atingir o fiscal, o mercado azeda, afeta o câmbio e, consequentemente, a inflação”, afirmou Maia.

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A despeito de acreditar que o Tesouro poderá ficar responsável pelas despesas da CDE, Maia ressalta que a recente falta de chuvas poderá gerar novas pressões de alta sobre energia elétrica e também sobre a inflação de alimentos. “As coletas (pesquisas) ainda não retratam impacto da seca sobre os alimentos, mas há um risco considerável de acontecer. Mas o efeito maior (seca) e mais direto seria um preço maior da energia, além do que prevemos (de 5,2%)”, ponderou.

A equipe econômica da Tendências Consultoria Integrada elevou a projeção para o item energia elétrica, de 5,5% para 7,5% no âmbito do IPCA de 2014. A estimativa para o índice oficial de inflação, no entanto, permanece em 6,00%. “O IPCA de janeiro (de 0,55%) nos surpreendeu para baixo”, justificou a analista Adriana Molinari.

De acordo com Adriana, se o aumento de 4,6% for repassado para a conta de luz, o efeito sobre o IPCA deste ano seria de 0,12 ponto porcentual. Como ainda há dúvidas se o repasse será feito de forma integral, o cálculo da Tendências leva em consideração um aumento de 2,00% para tentar cobrir os custos com energia, “o que resultaria em um IPCA maior em 0,06 ponto porcentual”, disse.

A analista da Tendências também partilha da visão do colega da Votorantim Corretora de que, por enquanto, não é possível precisar o impacto da seca sobre os preços, mas que é preciso ficar atento a eventuais efeitos. “As coletas mostram que os preços dos alimentos in natura, os mais suscetíveis aos efeitos da falta de chuvas, estão em linha com o esperado para esta época do ano. Mas, se avançar (seca persistir), pode ter impacto, sim. No entanto, as pesquisas ainda não incorporam, mas é preciso acompanhar com atenção, especialmente as grandes culturas, como as de cana-de-açúcar, feijão, soja e milho”, avaliou.

(Com Estadão Conteúdo)

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