Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Propaganda de cerveja mira cada vez mais as mulheres

Campanhas de cervejarias substituem a figura da mulher-objeto por uma presença feminina mais atuante, que bebe com o parceiro

Por Carolina Guerra
26 ago 2011, 23h19

Por vários anos, a combinação “cerveja gelada e mulher quase pelada” foi intensamente explorada por publicitários como uma espécie de fórmula mágica para vender a bebida. Essa predileção, no entanto, começa a fazer parte do passado. Finalmente, cervejarias e agências de propaganda parecem ter percebido o quanto as mulheres se incomodam em ser tratadas como objeto nos comerciais. Mais que isso, elas passaram a temer a reação destas consumidoras (confira a seleção de filmes). “Nas propagandas antigas, a mulher era retratada como um prêmio para o homem que escolhia determinada marca. Agora, perceberam que a fórmula está batida”, afirma Selma Felerico, professora da Escola Superior de Propaganda e marketing (ESPM).

A mulher tem aparecido cada vez menos nas peças publicitárias na posição simplória e reducionista da “gostosona”. É crescente, por outro lado, a associação de sua imagem ao papel de consumidora e companheira – aquela que bebe cerveja e se diverte ao lado do parceiro e dos amigos. Grandes empresas do setor ouvidas pelo site de VEJA confirmam a preocupação de agradar esse público. Como as mulheres definitivamente conquistaram seu espaço na sociedade, está claro para as companhias que este mercado não pode ser mais desprezado. E algumas marcas já falam diretamente a elas.

A reportagem de VEJA selecionou propagandas de marcas como Stella Artois, Brahma, Nova Schin, entre outras (confira a seleção de filmes), que retratam a nova onda, não apenas no Brasil, mas também no exterior – sim, a tendência é mundial. A peça mais claramente ‘feminina’ é a da Stella Artois, veiculadamente atualmente na televisão brasileira. O filme compara os rituais de preparação de uma mulher que vai sair aos de servir a bebida da marca. O grande apelo é a sofisticação, visto que a Stella está posicionada por sua fabricante no segmento ‘premium’.

Leia mais:

Leia mais: Brasileiros querem conhecer mais da milenar cerveja

Eles bebem mais – Pelas estatísticas, os homens são ainda os maiores consumidores de cerveja. Eles bebem cinco vezes mais que as mulheres, aponta a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009, divulgada em julho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com informações da consultoria Nielsen, foram consumidos no Brasil, no ano passado, cerca de 8,5 bilhões de litros de cerveja entre homens e mulheres, contra 7,7 bilhões de litros no ano anterior. As vendas alcançaram a marca dos 36,9 bilhões de reais.

Ainda que as mulheres não sejam tão vorazes quanto os homens no consumo de cerveja, fabricantes e agências de publicidade sabem muito bem que elas são maioria nos pontos-de-venda – a Associação Global de Marketing de Varejo estima que elas representam 70% dos consumidores nestes locais – e têm enorme influência nas escolhas de parceiros, familiares e amigos. “De maneira geral, se considerarmos que mais da metade da população corresponde às mulheres, seria um grade erro ignorar este mercado”, afirmou Cilene Saorin, a primeira sommelier de cervejas do país. “Não existe uma cerveja especifica para mulheres ou para homens, mas existe, sim, um comportamento diferente em relação ao consumo”, explicou.

Continua após a publicidade

Ainda que as propagandas tentem ser mais atrativas e respeitosas com as mulheres, nenhuma empresa arriscou-se a produzir uma cerveja específica para esse público. Nos Estados Unidos, nem a Bud Light – versão de apenas 110 calorias da Budweiser – foi criada para atingir especificamente esse mercado. Suas propagandas apelam para o humor, colocando homens e mulheres em situações estranhas.

“O mercado brasileiro se deu conta de que a maneira como retratava a mulher, como uma recompensa a quem adquire o produto, estava desatualizada. Foi quando as empresas começaram a colocá-la ao lado do homem”, relatou João Livi, da agência de publicidade Talent, diretor de criação que está por trás de campanhas para as marcas Bavária, Bavária Premium e Xingu, da Heineken. O publicitário chama atenção também para a possibilidade de exagero do outro lado, quando a figura feminina atua como vingadora dos homens. “Essa ideia de guerrinha dos sexos também não combina. É artificial”, alfineta.

Uma coisa é certa. Ficou para trás o tempo em que o ‘baixinho’ da Kaiser, cujos atributos maiores não eram definitivamente o porte físico e o sex appeal, conquistava o coração da bela atriz Karina Bacchi, em série de comerciais que fez sucesso em 2006. A clara jogada de marketing incluía até rumores na imprensa de que os atores teriam um romance na vida real. Até o final do tal “namoro” virou motivo para propaganda. Nas entrelinhas, o recado: basta beber Kaiser para ter ao seu lado uma linda mulher. Poucos anos se passaram e a mensagem, no entanto, soa antiquíssima.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.