PF faz busca na casa de ex-porta-voz de Sarney
Ação fez parte da nova etapa da Operação Zelotes, da Polícia Federal, deflagrada nesta segunda-feira
A Polícia Federal fez busca e apreensão na casa do jornalista Fernando César Mesquita, porta-voz da Presidência da República no governo José Sarney (1985-1989), durante a nova fase da Operação Zelotes, nesta segunda-feira. Fernando Mesquita, além de figura de destaque do governo Sarney, ocupou também o cargo de secretário de Comunicação do Senado.
Na atual etapa da Zelotes, os agentes apuram esquema de lobby e corrupção para supostamente ‘comprar’ medidas provisórias que favorecem empresas do setor automobilístico, segundo reportagem publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo no início do mês. De acordo com as investigações, Mesquita trabalharia com o lobista Alexandre Paes dos Santos. Conhecido como ‘APS’, Alexandre Paes dos Santos é um dos envolvidos na negociação das MPs e foi preso preventivamente pela Zelotes nesta segunda.
Fernando Mesquita ocupa uma cadeira no Conselho de Comunicação Social do Congresso, como representante da sociedade civil. De acordo com os investigadores da Zelotes, um imóvel do jornalista teria sido alugado por ‘APS’. No local teria funcionado uma empresa de Fernando Mesquita. Segundo O Estado de S.Paulo, lobistas negociaram até R$ 36 milhões em pagamentos com montadoras de veículos para conseguir a edição da MP 471, de 2009, pelo governo e sua aprovação pelo Congresso.
O texto da MP 471, de 2009, prorrogava de 2011 a 2015 incentivos fiscais de fábricas instaladas no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste do país Também há suspeitas de lobby e corrupção para emplacar outras duas medidas provisórias, uma de 2010 e outra de 2014, ambas para favorecer o setor automotivo.
“Essa nova fase da operação aponta que um consórcio de empresas, além de promover a manipulação de processos e julgamentos dentro do CARF (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, foco inicial da Zelotes), também negociava incentivos fiscais a favor de empresas do setor automobilístico”, diz nota divulgada pela Polícia Federal.
“As provas indicam provável ocorrência de tráfico de influência, extorsão até mesmo corrupção de agentes públicos para que uma legislação benéfica a essas empresas fosse elaborada e posteriormente aprovada”, informa a PF.
A reportagem não localizou Fernando Mesquita.
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(Com Estadão Conteúdo)