Petróleo mais barato ameaça investimentos da Petrobras no pré-sal
Nos últimos dias, no entanto, preço ainda supera custos de produção. Caso cotação caia para US$ 60 por barril, situação pode se inverter
A forte queda do preço do petróleo no mercado internacional pode colocar em xeque a viabilidade de investimentos da Petrobras na área do pré-sal. A cotação da commodity caiu de pouco mais de 100 dólares por barril para 85 dólares em cerca de duas semanas. Segundo fontes ouvidas pelo jornal Valor Econômico, para manter rentável a exploração do pré-sal, a estatal poderia suportar preços do petróleo de até 60 dólares por barril.
Nos últimos dias, no entanto, a cotação ainda supera o custo para produzir, transportar e pagar impostos sobre o óleo extraído, que estava em cerca de 71,55 reais por barril no segundo trimestre, segundo o balanço da empresa do segundo trimestre.
Ainda que não comprometa as margens, o atual patamar de preço ameaça a execução do plano de investimentos da companhia, de 220,6 bilhões de dólares para este e os próximos quatro anos. A Petrobras previa um preço médio para o barril de 100 dólares até 2017 e de 95 dólares entre 2018 e 2030. Baseada nessa estimativa de preço, a empresa espera uma geração de caixa de 182,2 bilhões de dólares ao longo dos próximos cinco anos.
Sem esse patamar de preço, a estatal terá que optar entre investir menos que o previsto, fazer um novo aumento de capital ou contrair mais dívidas. Com isso, a situação da empresa pode ficar ainda mais complicada, já que sua dívida soma 241 bilhões de reais, patamar que corresponde a quase 4 vezes a geração de caixa medida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização).
Leia mais:
Gasolina no Brasil está mais cara do que no exterior
Mantega: preços de combustíveis podem subir mesmo sem defasagem
‘Efeito Aécio’ na Bolsa faz Petrobras retomar posto de maior empresa da América Latina
Por outro lado, a companhia se beneficia desse cenário, já que minimiza o prejuízo com a importação de derivativos. Nesta quarta-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que novos reajustes no preços dos combustíveis não devem ser descartados, mesmo com o fim da defasagem de preços da gasolina no mercado interno em relação ao exterior.
No começo da semana, o Credit Suisse divulgou relatório apontando que a gasolina vendida pela Petrobras às distribuidoras de combustíveis está 1% mais cara que a média dos valores praticados no externo, em função da queda acentuada do preço do petróleo no mercado internacional. Em 25 de setembro, os preços internacionais da gasolina estavam 24,3% acima dos preços no mercado doméstico.
No exterior, os preços dos combustíveis flutuam seguindo as cotações do petróleo, diferentemente do Brasil, que são controlados pelo governo, o sócio majoritário da Petrobras.