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ONS considera redução de até 10% para garantir abastecimento

Com chuvas bem abaixo da média histórica em fevereiro, acionamento das térmicas pode ser menos rentável que corte de energia nas regiões o Sudeste e Centro-Oeste

Por Da Redação
11 fev 2015, 16h18

A escassez de água nos principais reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste já leva o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a considerar a necessidade de um corte de até 10% da carga de energia do país para garantir o abastecimento. A informação consta da última previsão feita pelo operador sobre as perspectivas de chuvas até o fim de fevereiro.

Em suas estimativas mais conservadoras, o ONS trabalha com a possibilidade de que fevereiro registre apenas 43% da média histórica de chuvas nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste. Se essa média se confirmar, o custo da geração térmica de energia pode explodir e chegar a valores recordes de 3.158 reais por megawatt/hora (MWh). Na prática, esse custo romperia o segundo nível de déficit de energia estabelecido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), de 3.064,15 reais por MWh. A partir dessa realidade, o sistema de monitoramento sinaliza ser mais recomendável economizar 10% de consumo de energia do que produzi-la a um preço tão elevado.

O corte de energia não é uma exigência feita do ONS. Trata-se de uma recomendação feita pelo sistema de monitoramento, a partir das condições de geração apresentadas. Neste ano, o preço da geração térmica tem batido recordes sucessivos. Na última semana, chegou a 2.158, 57 reais por MWh, ultrapassando o primeiro nível estabelecido pela Aneel (1.420,34 reais), que recomenda um corte de 5% da carga.

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Apesar do cenário crítico, a incidência de chuvas nos últimos dias pode reverter o quadro mais pessimista. Na terça-feira, as regiões Sudeste e Centro-Oeste registraram 46% da média histórica de chuvas. Na perspectiva mais otimista apontada pelo ONS, as duas regiões poderiam registrar até 60% da média neste mês, mas o balanço mais razoável aguarda 51% do volume histórico. Depois de quedas sucessivas em pleno mês de janeiro, os reservatórios do SE/CE voltaram a apontar índices positivos de água nos últimos dias. As duas regiões estão hoje com 17,4% da capacidade máxima, menos da metade dos 38% que possuíam um ano atrás.

Lentamente, os principais reservatórios do Nordeste também passaram a registrar saldo positivo de água nesta semana e hoje estão com 16,1% da capacidade total. Ainda assim, estão distantes da situação de fevereiro de 2014, quando contavam com 42,8% do armazenamento máximo.

A elevação do custo das usinas térmicas está diretamente relacionada à redução de geração de energia pelas hidrelétricas. É a partir das condições meteorológicas e do parque de geração disponível que se mede o chamado Custo Marginal de Operação (CMO), ou seja, o custo pela insuficiência da oferta de energia para a população. Todos os anos, a Aneel aprova quatro patamares de custos a serem considerados e quatro parâmetros de corte de energia correspondentes. Neste ano, além dos tetos de 1.420,34 reais e 3.064,15 reais, foi determinado também que, caso chegue a 6.403,81 reais, o corte sugerido fica entre 10% e 20%. Finalmente, se atingir 7.276,40 reais, a redução de consumo deve superar os 20%.

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Previsões – O baixo volume de chuva nos meses de janeiro e fevereiro também fizeram bancos e consultorias refazerem para cima as previsões de racionamento de energia elétrica neste ano. Diante de um janeiro que teve a pior hidrologia dos últimos 84 anos e de um começo de fevereiro com a terceira pior marca da história, o risco traçado pelo mercado chegou a 75%. Especialistas afirmam, no entanto, que independentemente da nomenclatura de racionamento ou racionalização, há necessidade imediata de reduzir o consumo.

“Hoje, se analisarmos os dados do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) e da Climatempo, a necessidade de economizar energia seria de 10%”, afirma o analista do banco JP Morgan, Marcos Severine. Ele alerta que não adianta o país conseguir sobreviver ao período seco sem cortar energia e chegar ao fim do ano com os reservatórios na casa de 15%. Isso significaria começar 2016 novamente sob risco de racionamento.

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Pelos cálculos do Itaú BBA, com base na previsão de chuva do ONS para os próximos meses, os reservatórios do Sudeste chegariam a um nível preocupante de 21% ao final de abril e de 2% até o fim de novembro, se nada for feito para conter o consumo. No relatório intitulado “Racionamento ou Racionalização – Quem vai pagar a conta”, os analistas do banco elevaram a estimativa de risco de racionamento de 63% para 75% num período de uma semana. De acordo com o documento divulgado aos clientes, o banco afirma que as previsões foram refeitas depois que o ONS revisou o volume de chuva para fevereiro. “A questão agora é saber se o governo vai dar o passo difícil de implementar oficialmente um racionamento de energia ou tentar uma racionalização da demanda.”

Já para a agência de classificação de risco Standard & Poor�s, a possibilidade de um racionamento no Brasil este ano “aumentará significativamente” caso não chova em fevereiro e março o suficiente para dobrar o atual nível dos reservatórios. O diretor da S&P, Marcelo Schwarz, avalia que o governo vai tentar de tudo para evitar um racionamento, com o objetivo de não comprometer mais ainda a atividade econômica.

(Com Estadão Conteúdo)

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