ONS alerta para ‘colapso’ de abastecimento após medida da Cesp
Empresa paulista não cumpriu ordem de aumento de vazão — e órgão alerta para o risco de esvaziamento de três outras represas
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) alertou nesta terça-feira para o risco de “colapso do abastecimento de água” caso a Companhia Energética de São Paulo (Cesp) continue reduzindo a vazão da água na represa de Jaguari. A medida, segundo a Cesp, visa economizar o recurso natural e destiná-lo para o consumo das pessoas, e não mais para a geração de energia. Mas, segundo o ONS, a ação pode acarretar o esvaziamento de reservatórios de três usinas adjacentes e deixar ao menos 26 cidades do Rio de Janeiro sem água.
O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino, afirmou nesta terça que a Cesp pode sofrer punição caso não reveja a medida e continue barrando o fluxo de água. Rufino afirma que a companhia, administrada pelo governo do Estado de São Paulo, pode ser multada pela retenção de água e tem quinze dias para responder sobre a ação. Por sua vez, a Cesp alega que adota a medida seguindo orientação do Departamento de Água e Energia Elétrica de São Paulo (Daee), com o objetivo de poupar água para direcioná-la ao consumo da população.
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De acordo com o ONS, desde o dia 2 de agosto a Cesp vem reduzindo em um terço a vazão na represa de Jaguari. Atualmente, o nível está em 10 metros cúbicos por segundo. O fluxo considerado ideal seria de 40 metros cúbicos por segundo. A represa Jaguari é abastecida pelas águas do rio Paraíba do Sul, localizado entre os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Segundo a nota, a redução no fluxo de água afetaria drasticamente as cidades localizadas na foz do rio.
Rio de Janeiro e São Paulo dependem da água da mesma bacia, usada tanto para geração de energia quanto para o consumo da população. A Aneel informou que essa é a primeira vez que uma empresa descumpre um regimento do ONS para geração de energia.
Nesta terça-feira, O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou que pretende dialogar com o governo fluminense e recorrer aos órgãos federais, como a Agência Nacional de Águas (ANA), para amenizar a questão.
Alckmin disse que pretende entrar em contato com o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), e também consultar o governo de Minas Gerais. Os dois Estados também são abastecidos pelo Paraíba do Sul. “Nossa disposição é sempre colaborar. Não reduzimos a vazão da represa Jaguari, pois ela vinha da mesma forma como estabeleceu o Operador Nacional de Sistema (ONS), com 10 metros cúbicos por segundo. E isso foi cumprido por meses. De repente, a vazão aumentou para 42 metros por segundo”, disse Alckmin.