O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, sofreu uma grande derrota nesta segunda-feira ao ter de desmentir o texto orçamentário apresentado duas semanas antes, e que mostrava um déficit de 30,5 bilhões de reais nas contas do governo para o ano que vem. O titular do Planejamento, que havia alegado que o orçamento deficitário era “transparente”, teve de lançar mão de um plano de corte de gastos “adicionais” para tentar reverter o cenário de turbulência fiscal. Avesso a essa estratégia, o ministro apresentou medidas a contragosto e teve de anunciar cortes que minam seu prestígio com a ala sindical. Não foram os cortes no Minha Casa Minha Vida que abalaram o coração do ministro. O que lhe causou, mesmo, tremendo dissabor foi ter de adiar para o ano que vem o reajuste do funcionalismo público. Ao longo de todo o ano, Barbosa negociou pessoalmente com sindicatos de servidores um aumento escalonado a ser pago em dois anos. Trata-se da maior negociação salarial do país, envolvendo mais de 1 milhão de pessoas. Sindicalistas pediam aumento de 27%, enquanto o ministro conseguiu negociar a concessão de 5,5% em janeiro do ano que vem e 5% em 2017. Com o ajuste fiscal, a alta de janeiro passará para agosto. Servidores receberam a notícia hoje com certo grau de surpresa. Achavam que o reajuste salarial passaria ileso aos cortes. Já Barbosa confessou a pessoas próximas estar descontente por ter sua credibilidade minada com o funcionalismo. (Ana Clara Costa, de Brasília)
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