Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Miséria no Brasil aumenta pela primeira vez em 10 anos

Segundo análise dos números da Pnad feita pelo Ipea, número de indigentes subiu 3,68% em 2013. Divulgação de dados foi adiada sob pretexto da eleição

Por Ana Clara Costa
5 nov 2014, 16h17

A miséria voltou a subir no Brasil em 2013, segundo dados apurados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O instituto mostra que, entre 2012 e 2013, houve um aumento de 3,68% no número de indivíduos considerados abaixo da linha da pobreza, ou indigentes – passaram de 10.081.225 em 2012 para 10.452.383 no ano passado (veja gráfico), ou seja, mais de 371.000 pessoas entraram para o grupo de miseráveis no período. Este foi o primeiro aumento desde 2003, quando o indicador passou a cair ano a ano.

A linha de extrema pobreza levada em conta pelo Ipea é uma estimativa do valor de uma cesta de alimentos com o mínimo de calorias necessárias para suprir adequadamente uma pessoa, com base em recomendações da FAO – órgão da ONU para a agricultura e alimentação – e da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Os números, que constam do banco de dados Ipeadata, foram apurados pelo Ipea com base nos microdados da Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar (Pnad), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em outubro. A análise social da Pnad é feita anualmente pelo Ipea. Contudo, neste ano, o Instituto optou por adiar a divulgação do levantamento alegando seu impacto no cenário eleitoral. Coincidentemente, em 2010, quando a análise mostrava melhora nos indicadores sociais, o Instituto fez a divulgação entre o 1º e o 2º turno. Os dados sobre o aumento da miséria foram publicados no Ipeadata no dia 30 de outubro.

Leia também:

Deslizes impunes marcam gestão petista em órgãos de pesquisa

Continua após a publicidade

Erros e atrasos marcam pesquisas do IBGE e do Ipea

Dilma trata como ‘banal’ erro do IBGE com dados da Pnad ​

Falta transparência na divulgação de números sobre desigualdade no Brasil

A forma como o Ipea vem conduzindo a divulgação de dados foi alvo de críticas no mês passado, depois que um de seus diretores, Hérton Araújo, pediu exoneração por não concordar com o adiamento da divulgação da análise social da Pnad para depois das eleições. Araújo trouxe o assunto à reunião da diretoria colegiada do Ipea, realizada no dia 9 de outubro, mas não conseguiu convencer os demais membros. Segundo nota do Ipea “o Sr. Araújo procurou convencer os demais membros do colegiado a rever a decisão, restando vencido”.

Continua após a publicidade

Em setembro, o site de VEJA revelou que outro estudo engavetado pelo instituto, e que levava em conta a análise de dados da declaração do Imposto de Renda, mostrava que a concentração de riqueza havia aumentado no Brasil entre 2006 e 2012. A análise, ainda preliminar, apontava que os 5% mais ricos do país detinham, em 2012, 44% da renda. Em 2006, esse porcentual era de 40%. Os brasileiros que fazem parte da seleta parcela do 1% mais rico também viram sua fatia aumentar: passou de 22,5% da renda em 2006 para 25% em 2012. O mesmo ocorreu para o porcentual de 0,1% da população mais rica, que se apropriava de 9% da renda total do país em 2006 e, em 2012, de 11%. Os dados consolidados das declarações dos contribuintes não estão abertos para consulta, tendo sido avaliados apenas por pesquisadores ligados ao instituto.

Procurado pelo site de VEJA, o Ipea informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que ainda não há previsão de divulgação da análise social dos dados da Pnad, apesar de os números que embasam a pesquisa já estarem no banco de dados do instituto.

Gráfico - Miséria
Gráfico – Miséria (VEJA)
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.