Nova esperança para a Índia
O professor de Harvard Martin Feldstein lista as reformas que o novo governo indiano deve implementar para que o país recupere sua trajetória de crescimento e desenvolvimento
As últimas eleições da Índia podem ser o acontecimento econômico positivo mais importante de 2014. Os eleitores indianos rejeitaram categoricamente o Partido do Congresso, que governou a Índia virtualmente sem interrupções desde a independência do país da Inglaterra, em 1947. Devem estar felizes que o fizeram.
Sonia Ghandi, chefe do Congresso e viúva do ex-primeiro-ministro Rajiv Gandhi, vinha sendo o poder por trás do trono desde 1998, transformando o primeiro-ministro Manmohan Singh em pouco mais que um testa-de-ferro. Sob a liderança dela, o Congresso adotou uma política populista que aumentou o investimento em programas sociais e reduziu a taxa de crescimento econômico anual da Índia para menos de 4% em 2013. O PIB per capita ainda é de cerca de 4 mil dólares, menos da metade da média da China.
O premiê recém-eleito Narendra Modi baseou sua campanha em uma plataforma que promete estender à toda a Índia o crescimento rápido de renda e oferta de emprego que o estado de Gujarat alcançou quando ele era ministro-chefe. Sob a liderança de Modi, Gujarat tornou-se um estado receptivo aos negócios, que expandiu a atividade econômica e atraiu investimentos tanto de empresas indianas quanto estrangeiras.
Um aspecto notável das últimas eleições foi que o partido Bharatiya Janata (BJP) de Modi teve maioria absoluta no parlamento nacional, um feito quase sem precedentes na Índia. Como resultado, Modi não vai ter que se comprometer com outros partidos nacionais ou regionais para cumprir seu programa legislativo.
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O mercado de ações indiano cresceu cerca de 20% este ano, em antecipação ao crescimento mais sólido e à escalada dos lucros. Agora cabe a Modi e ao BJP mostrarem que podem cumprir suas promessas de campanha.
Martin Feldstein, professor de Economia da Universidade de Harvard e presidente emérito do Instituto Nacional de Pesquisa Econômica, presidiu o conselho de assessores econômicos do presidente Ronald Reagan de 1982 a 1984.
(Tradução: Roseli Honório)
© Project Syndicate 2014