Nextel pede autorização para comprar operadora em SP
Nextel tem interesse na freqüência da Unicel, que, segundo VEJA, foi autorizada à operar em São Paulo graça à pressão da ex-ministra Erenice Guerra
A empresa de telefonia Nextel protocolou junto à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) um pedido de compra da Unicel, antiga Aeiou. A informação é do vice-presidente de novos negócios e assuntos corporativos da Nextel, Alfredo Ferrari, que participou nesta terça-feira de seminário organizado pela Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas (TelComp).
Segundo ele, o objetivo da empresa é aproveitar a frequência de 1,8 GHz pertencente à Unicel em São Paulo. “É uma oportunidade para ampliar nossa capacidade”, afirmou. Ele evitou dar mais detalhes da negociação porque a empresa está em período de silêncio que antecede a divulgação dos resultados trimestrais. Ferrari disse que a Nextel vai negociar também o passivo da Unicel.
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O executivo reiterou que a Nextel pretende ofertar serviços de 3G até o final deste ano em São Paulo. O presidente da Anatel, João Rezende, confirmou o recebimento do pedido de autorização, mas não fez previsão para análise. “Não temos prazo, mas esperamos que (a análise) ocorra o mais rapidamente possível”, disse, acrescentando que esta frequência que a Nextel pretende adquirir é compatível com o 3G.
Histórico nebuloso – Apesar de pequena, a Unicel é grande conhecida do governo. Em 2010, a empresa tinha em seu quadro de diretores José Roberto Camargo Campos, marido de Erenice Guerra, ex-ministra-chefe da Casa Civil que deixou o governo após reportagem de VEJA revelar que ela participava de um esquema de tráfico de influência. À época, a reportagem mostrou como Israel Guerra, filho da ministra, teria intermediado contratos de uma empresa de transporte aéreo com os Correios mediante pagamento de propina.
Campos, marido de Erenice, arquitetou um plano para que a pequena empresa de comunicações entrasse no bilionário mercado de telefonia celular de São Paulo. A concessão da Anatel saiu em 2005 após decisão pessoal de seu presidente, Elifas Gurgel. Setores técnicos da Anatel contestaram a decisão porque a operadora sequer apresentou garantias sobre sua capacidade técnica e financeira para tocar o negócio. O recurso levou dois anos. A revista entrevistou um dos membros do conselho que acompanhou o caso: “A Erenice fazia pressão para que os técnicos revissem seus pareceres e os conselheiros mudassem seu voto”.
O resultado da pressão foi que o técnico Jarbas Valente e o conselheiro Pedro Jaime Ziller mudaram seu parecer após ouvir os argumentos da Casa Civil. Valente ganhou uma promoção na Anatel e dois assessores de Ziller deixaram a agência para bater ponto na Unicel por salários em torno de 30 000 reais.
(com Estadão Conteúdo)