Negociações sobre empréstimos à Sete Brasil avançam, diz Trabuco
Sem caixa, a empresa tem uma dívida de 12 bilhões de reais que precisa ser rolada por credores
Os bancos credores da Sete Brasil, fabricante de sondas de exploração de petróleo que vem sentindo os efeitos da crise na Petrobras, estão costurando com a empresa e a própria Petrobras um memorando de entendimentos para definir o pagamento dos financiamentos já tomados. Paralisada após o envolvimento de seu ex-diretor, Pedro Barusco, no escândalo da Lava Jato, a empresa tem uma dívida de 12 bilhões de reais que precisa ser rolada por credores, devido à atual incapacidade da Sete em honrá-las.
A informação sobre o avanço nas negociações sobre o empréstimo foi dada pelo presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, em evento nesta segunda-feira. Ele também comentou que a prorrogação por 90 dias do empréstimo-ponte concedido à Sete Brasil no valor de 3,8 bilhões de dólares está quase pronta. “Já tiveram as assinaturas, inclusive. Ele nos dará tranquilidade para fazer redesenhos, outras configurações”, disse. “Esse é um cenário que não nos preocupa”, concluiu.
Enquanto negociam a extensão do empréstimo, os seis bancos credores tentam definir qual o valor exato de uma capitalização a ser feita na empresa e qual risco cada um assumirá.
Sem receber os recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a empresa vem atrasando pagamentos a fornecedores e a construção de sondas em cinco estaleiros. A Sete precisará de um aporte de 500 milhões a 1 bilhão de reais. Sem receber os recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a empresa vem atrasando pagamentos a fornecedores e a construção de sondas em cinco estaleiros. Tanto a extensão do empréstimo quanto a capitalização dariam alívio financeiro à empresa criada para administrar as sondas da Petrobras no pré-sal.
Os seis bancos que concederam empréstimos à Sete Brasil são: Bradesco, Banco do Brasil, Caixa, Itaú BBA, Santander e o britânico Standard Chartered – que na sexta-feira, entrou com um pedido de execução de garantias do empréstimo junto ao Fundo de Garantia para a Construção Naval (FGNC), administrado pela Caixa Econômica Federal.
Provisões – O Bradesco negou, contudo, que o banco esteja planejando pedir execução de garantias por empréstimos feitos à Sete Brasil. O presidente do banco disse que suas contas do primeiro trimestre ainda não estão fechadas e que a instituição conta com bons níveis de reserva. “Estamos muito tranquilos em relação a isso e não podemos esquecer que tem estruturas de garantias e as empresas têm ativos bons”, destacou, após abertura do Bradesco Brazil Investment Forum, realizado na capital paulista. Segundo ele, a exposição total do Bradesco à Sete Brasil “não chega” a 3 bilhões de reais, mas evitou detalhar números.
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Delação – A situação da Sete Brasil vem se deteriorando desde outubro do ano passado, quando um de seus ex-diretores e ex-gerente da Petrobras, Pedro Barusco, assinou acordo de delação premiada na Operação Lava Jato. Barusco relatou pagamentos de propina feitos ao PT por empresas que prestavam serviço para a Sete.
Sem capital, a Sete deixou de pagar os estaleiros que contratou para construir as 29 sondas que seriam usadas no pré-sal. Já são mais de 2,5 bilhões de reais em atrasos – o que deixa também os estaleiros em situação delicada. Sem o financiamento de longo prazo, a Sete Brasil pode se tornar inviável e deixar um rastro bilionário de prejuízos.
Infraestrutura – Trabuco também afirmou no evento que a cadeia de óleo e gás no país precisa ser redesenhada devido ao cenário atual do setor e da economia. Trabuco, aliás, afirmou que os bancos privados do país têm interesse em ampliar investimentos em infraestrutura. “O Brasil precisa rever o modelo de repasse de recursos do governo aos bancos públicos, como o BNDES”, disse. De acordo com o executivo, o governo não tem condições de controlar simultaneamente os três pilares da indústria do crédito: o funding, o prazo e as taxas. Por isso, é necessária a participação do mercado de capitais e, antes disso, as contas fiscais precisam ser corrigidas.
(Com agência Reuters e Estadão Conteúdo)